Madeira

Madeirenses lá fora têm sempre a sua terra no coração

Convidados no segundo painel são empresários da diáspora vindos dos ‘5 cantos do Mundo’

FOTO Rui A. Silva/Aspress
FOTO Rui A. Silva/Aspress

Investidores no seu país de acolhimento, empresários de sucesso, sentem que é possível a Madeira captar investimentos externo, sejam eles emigrantes sejam de outros empresários daqueles países. Uma coisa é certa, tanto Fátima Lopes, como José Silva, ou Aleixo Vieira, Egídio Cardoso ou Joseph Vieira não deixam de pensar na sua terra e de tê-la bem perto, ainda que estando longe, todos eles há mais de 30 anos.

Fátima Lopes, a estilista que teve de sair da Madeira para o continente e daí para Paris e o mundo da Moda, lembra que “a Madeira é maravilhosa, a de hoje, porque há 30 anos não era assim”, disse. E só saindo é que percebeu que, mesmo saindo da Madeira, pensando que Lisboa era o futuro, afinal era pequeno para as suas ambições, entrar no mundo da moda de autor. Há 30 anos fora da ilha, volta sempre mas para passar férias, tinha consciência que assim seria quando saiu e não pensa voltar a não ser nos períodos de descanso e festa.

Em 1999, lembrou, desfilou em Paris e foi a primeira portuguesa a fazer isso. “Ter a consciência que nascemos num sítio muito pequenino e se quisermos ser maiores temos de trabalhar muito mais, mais fortes, competitivos”, advertiu. Além de ultrapassar a fronteira insular e nacional, também ultrapassou a barreira do preconceito face aos portugueses. “Hoje, Portugal está na moda e há 20 anos eu era a excepção”, afiançou.

Já o empresário da Restauração radicado no Reino Unido, José Silva saiu de Gaula e desde Londres é um dos principais importadores de produtos regionais. Primeiro foram os pais, depois os cinco filhos após estes ganharem a autorização de residência. Começou na cozinha, ele que vinha de uma família de agricultores. “Não é fácil, começamos pelo mais baixo e cheguei a ter o maior restaurante português na restauração durante 15 anos”, disse. “Hoje existem mais de 200, os italianos foram-se e nós portugueses ficamos e crescemos”.

Hoje a ambição de ter um grande restaurante no centro de Londres, com dedicação e esforço, após 42 anos de trabalho, foi compensado. Emigrou em 1977, hoje sente que há uma mudança na percepção do que valem os portugueses no Reino Unido.

O emigrante madeirense Aleixo Vieira é conhecedor da realidade da Venezuela, actualmente uma dura realidade, país onde vive e para onde foi do Funchal à procura de um sonho em 1982. Uma Venezuela próspera, onde começou a trabalhar como ajudante de empregado de mesa, contou com muita ajuda da comunidade. Uma espécie de El Dorado para os madeirenses, sente que os que agora têm de vir para a Madeira à procura de uma nova vida, estão a conseguir ultrapassar o problema.

Do ramo da Hotelaria na África do Sul, Egídio Cardoso, desenvolveu vários negócios nesta área. Foi para lá em 1962, levado pelo pai que estava na guerra, e em 1977 foi para a África do Sul. “Todos os dias, nós no estrangeiro, pensamos na Madeira. Queremos que a nossa terra seja a número um em toda a Europa, em todo o mundo. A motivação e querer ter sucesso é o mais importante num negócio, temos de ser determinados”, disse.

Joseph Vieira saiu do Funchal, está no Canadá e dedica a sua vida ao ramo dos Serviços e seguros, Nomeadamente, depois de sair da tropa, nunca pensou em radicar no Canadá, um país para ficar, não para ir à procura de ‘dar o salto’.

Julgava fácil entrar na Universidade de Toronto, mas “o meu inglês era pobre. Depois de estudar um ano de inglês, entrei e lá estive três anos e percebi que o ramo de seguros, crescemos com a comunidade que precisava dos nossos serviços”, contou. O fluxo de portugueses começou a abrandar, mas a brasileira está a crescer, por isso sente-se salvaguardado no seu ramo de negócio. Está quase há 53 anos no Canadá, não consegue deixar de se sentir português madeirense, que o afirma sempre, embora já seja mais canadiano que português, inclusive já tem investimento imobiliário na Madeira. “Somos capazes de tudo, mas as coisas não podem ser para se ir fazendo, têm que ser feitas”, recomenda.