Madeira

Deputada Sofia Canha promove debate sobre aquicultura

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Sofia Canha, vereadora socialista na Câmara Municipal da Calheta e deputada ao Parlamento regional, promove na próxima quarta-feira, 5 de Fevereiro, às 19 horas, na freguesia do Jardim do Mar, uma sessão informativa sobre a aquicultura.

A iniciativa, dirigida à população em geral, vai debater o facto de o concelho da Calheta ter sido escolhido para a instalação de equipamento de produção de pescado em aquicultura, sem que a população fosse informada das consequências ou o município tivesse qualquer proveito.

Por ser um assunto que tem gerado polémica e muita informação dispersa, Sofia Canha entendeu necessário promover esta iniciativa para que a população possa acompanhar o desenrolar da situação.

A socialista lembra que o Plano de Ordenamento para a Aquicultura Marinha da RAM definiu as zonas mais favoráveis para a instalação das jaulas para piscicultura em mar aberto, sendo que naquele concelho foram definidas duas zonas, nomeadamente o Arco da Calheta e Calheta-Jardim do Mar, sendo esta última de uma dimensão muito superior àquela já instalada no Arco da Calheta, atividade que já está licenciada pelo governo.

A vereadora e deputada recorda que há já mais de dez anos que a Greenpeace faz advertências à indústria da aquacultura para que utilize ração de origem vegetal, minimize o uso de farinhas e óleo de peixe, que garanta a segurança das instalações e que não se gerem fugas do peixe, que apoie o desenvolvimento e bem-estar social e económico das comunidades locais.

“Há alternativas para o modelo de produção de peixe em aquicultura, com benefícios em termos paisagísticos e ambientais. É só uma questão de sensibilidade do investidor e da vontade dos governantes”, refere Sofia Canha, questionando a razão pela qual se “facilita tanto os grandes investidores e não se tem a mesma atenção relativamente aos pescadores de pesca artesanal”. “Limita-se muito a quantidade de pescado de modo artesanal, para não criar impactos negativos nas populações de peixe selvagem e, por outro lado, apoia-se uma actividade que tem consequências muito mais nefastas a longo prazo”, constata a deputada salientando que devido à redução dos stocks de peixe e marisco selvagem, “a aquicultura tem sido cada vez mais uma aposta, pois permite a aquisição de peixe mais barato, mas com o reverso da medalha”.

A socialista questiona, por isso, se se justifica “o desequilíbrio dos ecossistemas marinhos”,

“Será que justifica a contaminação das águas com antibióticos e rações em doses concentradas? Será que tem impactos positivos nas comunidades ou só se pensa na rentabilidade económica? Será que justifica o incómodo para as populações? Será que justifica os impactos sociais que vão despoletar, pois irá perturbar a pesca artesanal? Será que justifica pôr em causa a atividade turística das localidades costeiras?”, pergunta.