Um presidente que ama ser

O ridículo instalou-se em Belém, e anda a sonhar com anjos e belezas. O inquilino e corredor de fundo, não dorme, ou dorme pouco só de pensar em consolar a vistinha, mal possa. Depois de ir à TVI dar uma entrevista ao dono do monte alentejano, quis compensar a moça que dele se separou, e que concorre ao lado, numa outra estação de têvê, para onde foi agora. Aquele pedaço de riso e gargalhada construída, que assenta a sua graça em duas boas pernas, e saca um salário chorudo, que nem actriz nacional, ou jogador de bola do Vitória de Setúbal, até se passou quando agarrou o auscultador como quem pega num vibrador, e estupefacta ouviu do outro lado, a voz identificada do presidente dos afectos e dos mal aconchegados. Era mesmo a voz inesperada, e no entanto bem vistas as coisas, a voz omnipresente - “eu sou o ocupante do palácio de Belém” e tive neste instante uma aberta numa reunião, e dei um saltinho para lhe telefonar, apenas para lhe desejar e ao seu programa, boa sorte”. Se não foi assim foi mais ou menos isto que o presidente lhe quis dizer, ao ouvido mas por telefone, que é outra maneira de ficar próximo. E fez bem o homem. Deste modo, empatou os concorrentes entertainers, das duas estações que disputam audiências, numa de compensação em falta, à rapariga da gargalhada fácil e riso até às orelhas. A justificação para tal atitude foi dada, embora não se saiba se foi convincente, e até se será só isto que o presidente de futilidades quer, ou se espera a vir a ter mais alguma valia ou sorte. Do “Você na TVI”, talvez nem seja de esperar maior popularidade, mas do ridículo não se safa. Da rapariga vistosa e provocadora, vamos esperar se num programa a que se venha a chamar, por hipótese, “Ponto de Encontro”, não se avivarão algumas chamas, que ficaram por apagar dos incêndios, de matas apertadas, e a arder ou que ardem ainda. Coisas do coração, difíceis de entender, mas ridículas, como são ridículas as coisas dos afectos privados ao telefone, neste país indefinível e cómico!