Desporto

Soccerex vê Portugal como “um líder de mercado” para desenvolver o futebol

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A Soccerex, evento que junta ex-jogadores, dirigentes e outros agentes para debater a indústria do futebol, estreia-se em Portugal e o director de marketing, David Wright, justifica a escolha do país por ser “um líder de mercado”.

“Estamos a falar dos campeões da Europa em título, de uma federação com uma abordagem muito progressista e que faz um trabalho muito grande para desenvolver o futebol em Portugal. E há também o grande sucesso de treinadores portugueses por todo o mundo: José Mourinho, claro, e agora Marco Silva, Paulo Fonseca, etc. É uma nação muito bem sucedida no futebol”, afirma.

Em entrevista à agência Lusa, David Wright valoriza, em especial, um aspecto no futebol português: a capacidade de detecção e aperfeiçoamento de jovens jogadores, que, no seu entender, é crucial para fazer de Portugal uma das referências na área das transferências, lançando todos os anos inúmeros talentos para os clubes mais poderosos a nível mundial.

“Há duas características que se evidenciam nas transferências em Portugal: a forte ligação com o futebol sul-americano - em que muitos dos melhores jovens vêm para Portugal antes de seguirem para outros campeonatos, a fim de amadurecerem e valorizarem-se - e o sucesso das academias dos clubes portugueses. Benfica, Sporting e FC Porto revelaram muitos jogadores fantásticos ao longo do tempo”, sintetiza, lembrando Cristiano Ronaldo, Nuno Gomes e Deco.

Entre quinta e sexta-feira vão passar por Oeiras nomes conhecidos da modalidade, como o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, o presidente da Liga espanhola, Javier Tebas, o antigo seleccionador de França Gerard Houlier, e os ex-futebolistas Christian Karembeu e Deco, entre outros, espalhados por diferentes conferências e temas que vão desde a forma de liderança no futebol europeu a novas áreas, como os e-sports.

Considerando “muito importante” a apresentação de um painel de oradores plural e de renome internacional, o responsável britânico da Soccerex sublinha que o certame analisa e tenta desenvolver a “muito abrangente e diversificada indústria do futebol” em quatro grandes eixos.

“O lado comercial - que inclui patrocínios, direitos televisivos, redes sociais e marketing digital -, eventos de estádio, modelos de governança - abrangendo as questões das transferências e integridade desportiva -, e a performance desportiva - treinadores, desenvolvimento do futebol jovem, uso de tecnologias para melhoria de aspectos técnicos de jogadores, etc. Gostamos de cobrir todas estas áreas, ouvindo especialistas de vários países”.

Para o director de marketing da Soccerex, um dos temas que promete marcar a agenda entre os dias 5 e 6 é o futuro das competições nacionais e europeias. Numa fase em que muito se discute a criação de uma Superliga Europeia - levando, em teoria, a uma desvalorização dos campeonatos nacionais -, o responsável não crê que tal evolução seja “inevitável”, mas prevê “novidades num futuro muito próximo” para o ‘Velho Continente’.

“Vamos ter todos os agentes envolvidos neste debate: Giorgio Marchetti, secretário-geral adjunto da UEFA, Michele Centenaro, secretário-geral da Associação Europeia de Clubes (ECA), as maiores ligas e demais ‘stakeholders’. Penso que pode levar à reestruturação da Liga dos Campeões, bem como ao aparecimento de novas competições. É um tempo entusiasmante para o futebol europeu, ao nível doméstico e continental”, nota.

A Soccerex organiza estes fóruns desde 1995, tendo já passado por 19 cidades e 13 países diferentes. Este ano, a organização fez uma aposta em “mercados emergentes no futebol” e já passou também pela China, em maio, marcando ainda presença nos Estados Unidos da América, em novembro. A realização da Soccerex na Europa cabe pela primeira vez a Portugal, com Oeiras a acolher mais de 60 oradores no ciclo de dois dias de conferências.