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Câmara de Santa Cruz avança com concurso da Casa da Cultura

Obra na Quinta do Revoredo, anunciada e noticiada em Novembro do ano passado, deverá ter um custo de quase 318 mil euros

Foto DR/Casa da Cutura - Quinta do Revoredo
Foto DR/Casa da Cutura - Quinta do Revoredo

A Câmara Municipal de Santa Cruz já publicou o anúncio de concurso público para requalificação da Casa da Cultura - Quinta do Revoredo, imóvel com quase 180 anos, tendo sofrido obras de restauro quando a autarquia o adquiriu em 1988 aos antigos proprietários. De portas abertas desde 1993, o espaço próprio da cultura, não só de Santa Cruz, mas regional, vai sofrer obras no valor de cerca de 318 mil euros.

O anúncio do procedimento foi publicado em Diário da República no passado dia 5 de Setembro e concretiza um objectivo de avançar com os trabalhos a partir de Outubro, ainda que os prazos para apresentação de propostas (14 dias após o anúncio ser enviado para publicação) e que devem manter a mesma (66 dias após o fim do primeiro prazo), possa indiciar que a haver mais do que uma proposta e pela demora que poderia levar a uma decisão de adjudicação, Outubro fica muito ‘apertado’.

Ainda assim, a notícia de que a Quinta do Revoredo iria ser submetida a trabalhos de beneficiação para celebrar os 25 anos foi publicada no DIÁRIO a 1 de Novembro de 2018 (ver anexo em baixo), sendo que uma intervenção dessa dimensão não era realizada precisamente aquando da transformação da antiga casa de férias em centro de artes e exposições.

No seu site, é recordado num breve historial, como nasceu e se desenvolveu este edifício.

“Imóvel mandado construir, em 1840, pelo empreendedor comerciante inglês de vinho Madeira John Blandy, para sua residência marítima de Verão, perto das terras que ele arrematara, um ano antes, à Fazenda Pública provenientes do extinto Convento de N.ª Sr.ª da Piedade de Santa Cruz.

Nesta casa acabou por se fixar o seu neto Charles Frederick Raleigh Blandy, que tinha especial predileção por esta vila. Nasceu no Funchal, em 1846, tendo seguido a carreira de engenheiro naval e efectuado o seu estágio em Glasgow (Escócia). Trabalhava no Arsenal do Funchal, o “Madeira Engineering “ que pertencia à sua família.

Em 1903 ofereceu um relógio à Câmara Municipal de Santa Cruz que foi colocado na torre da Igreja Matriz e juntamente com a madre inglesa Mary Jane Wilson ajudou a recuperar o hospital da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz. Foi benemérito e protetor de inúmeras famílias do concelho.

Nos últimos dez anos da sua vida, dedicou-se à pintura em aguarela de paisagem da Madeira, em finais do séc. XIX e princípios do séc. XX, dentro do gosto do naturalismo da época. Atualmente estas pinturas encontram-se no Museu de História Natural do Funchal. No espaço anexo, hoje ocupado pela Biblioteca Municipal, funcionava o seu atelier de pintura e de fotografia. No extremo poente do jardim situa-se a antiga casa dos caseiros, hoje adulterada e desanexada da propriedade.

O imóvel foi adquirido, restaurado e adaptado pela edilidade, em 1988, para servir de Casa da Cultura, sendo inaugurada no dia 6 de Dezembro de 1993. Apresenta amplas salas de exposição, cozinha, Sala de Documentação, salas de Serviços Educativos, na cave, e no tardoz foi construído um aprazível auditório ao ar livre.

O edifício, construído em alvenaria de pedra rebocada, apresenta dois pisos e uma pequena torre avista-navios. Todos os vãos exibem simples molduras em cantaria rija regional e as janelas possuem os característicos tapa-sóis madeirenses com vidraças de guilhotina. O chão e a escada são em madeira de casquinha original e os tetos apresentam desenhos em estuque ao gosto da época. Uma das salas possui, inclusive, uma lareira ao gosto inglês. Na fachada oeste e na do norte podem ver-se cachorros, indicação que possuía um alpendre em madeira, coberto de telha, ou uma latada para trepadeiras.

Antigamente o acesso principal à casa fazia-se pela porta virada ao mar onde havia um pequeno cais de desembarque.

O aprazível jardim é calcetado no tradicional empedrado em calhau rolado do mar, e possui, de igual modo centenárias árvores indígenas como dragoeiros (Dracaena draco) e tis (Ocotea foetens). Nele podemos encontrar duas esculturas: a Florista do escultor peruano radicado no Brasil Mário Agostinelli, em bronze de 1972, que outrora se encontrava no demolido Hotel Atlantis Madeira e uma escultura, em duas tonalidades de cantaria, do escultor António Rodrigues, datada de 1997. Também se podem observar, algumas peças do antigo relógio da Igreja de Gaula, que ardeu em 1964, colocadas numa interpretação escultórica.”