Carneiro defende que PS "está a crescer de forma consolidada" para as autárquicas
O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, defendeu hoje que o PS está a "crescer de forma consolidada" para as eleições autárquicas, recusando-se a comentar a operação que motivou hoje buscas na TAP e num escritório de advogados.
"Nas nossas sondagens, o Partido Socialista português está a crescer de forma consolidada, de forma muito sólida. Os portugueses conhecem-nos bem e as eleições autárquicas vão mostrar que os portugueses nos conhecem bem naquilo que é o nosso sentido de serviço público", disse aos jornalistas durante a sua visita a Paris, ao lado do adjunto para as Comunidades Portuguesas, Paulo Pisco, e do primeiro-secretário do PS francês, Olivier Faure.
O encontro entre os socialistas ocorreu no mesmo dia em que a TAP está a ser alvo de buscas no âmbito de um inquérito a indemnização paga a uma ex-administradora da companhia aérea, numa decisão do então ministro das infraestruturas Pedro Nuno Santos, e ex-líder do PS, o que José Luís Carneiro não quis comentar, justificando tratar-se de "assuntos de natureza interna".
"Não faço ideia do que se passa, não posso comentar o que desconheço", afirmou ao ser questionado sobre a informação de que as comunicações eletrónicas de Pedro Nuno Santos e Hugo Mendes podem ser facultadas ao processo.
Em 2022, a TAP esteve envolvida numa polémica devido ao pagamento de uma indemnização de 500 mil euros à então administradora Alexandra Reis pela sua saída da companhia, por mútuo acordo entre as partes.
Em causa estão suspeita da prática de crimes de administração danosa, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, participação económica em negócio e abuso de poder.
José Luís Carneiro falava aos jornalistas após um encontro com principal responsável do Partido Socialista francês, que está "também a recuperar a confiança" dos eleitores, para uma "cooperação futura".
"Aquilo que para nós é vital e que está na nossa agenda: as questões que têm a ver com as respostas para a habitação, as respostas para a saúde, as respostas para os transportes e para a mobilidade, as respostas para a melhoria dos rendimentos dos jovens trabalhadores são as preocupações que nos trazem hoje aqui e são essas que concentram as minhas atenções, até porque sobre o resto não tenho qualquer informação", acrescentou o líder socialista português.
A cooperação entre o Partido Socialista de Portugal e França é "fundamental" e "vital na Europa" para revitalizar o socialismo europeu, e também "no plano de afirmação em cada um dos países", segundo José Luís Carneiro.
"Nós queremos uma economia que crie riqueza, que seja capaz de crescer. Mas ela tem que crescer com preocupações de justiça social, de uma boa redistribuição de recursos que são comuns. Uma economia que se baseia no conhecimento, uma economia baseada na utilização de recursos de forma sustentável e uma economia que crie emprego, e que crie emprego qualificado e protegido", acrescentou.
Já o líder francês acredita que "uma cooperação duradoura" servirá para "reencontrar uma credibilidade" e mostrar que "a alternativa está à esquerda".
Olivier Faure defendeu que a maior dificuldade do PS na Europa é que "os socialistas se tornaram liberais como os outros" e difíceis de distinguir.
"É assim que a extrema-direita, em particular, conseguiu encontrar um ponto de encerramento, porque eles conseguiram fazer acreditar que eles poderiam ser o outro caminho. Mas o outro caminho contra o liberalismo é a esquerda que o carrega", disse Faure, justificando-se com o exemplo Estados Unidos, em que a extrema-direita é "ultra-liberal, ultraconservadora e sempre ligada ao dinheiro".