Caracas diz que Venezuela está "preparada" para "dissuadir" qualquer "aventura" dos EUA
O chefe de diplomacia da Venezuela, Yván Gil, afirmou segunda-feira que o país está "preparado" para "dissuadir" qualquer "aventura" dos Estados Unidos, que mantêm a presença militar no mar do Caribe sob o argumento de combater o narcotráfico.
"Trazemos a mensagem de que a Venezuela está preparada para dissuadir qualquer aventura que os Estados Unidos queiram empreender contra a Venezuela. Não seria contra a Venezuela, seria contra a América Latina e o Caribe", afirmou Gil ao canal estatal Venezolana de Televisión, em declarações produzidas na sede da ONU, em Nova Iorque.
No mesmo registo, o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou esta segunda-feira que "militares da América Latina e do Caribe" manifestaram o apoio à defesa da Venezuela, no contexto da "ameaça militar" por parte dos Estados Unidos.
"Sei e tenho conhecimento, não posso revelar fontes nem segredos, que os militares da América do Sul, sobretudo, apoiam os militares da Venezuela e o povo da Venezuela. Sei isso, recebi mensagens poderosas de homens de honra. Até aí posso dizer", afirmou Maduro no programa semanal "Con Maduro+", transmitido pelo canal estatal de televisão VTV.
"Homens de honra da América Latina e do Caribe, mas sobretudo da América do Sul, e eles disseram: 'Se tocarem na Venezuela, tocam em todos nós'", acrescentou Maduro.
O líder chavista disse ainda que a Venezuela tem mais apoio internacional do que antes do início do envio naval dos Estados Unidos para o mar do Caribe, acusando Washington de manter "uma agressão psicológica, política, diplomática e uma ameaça militar" contra a Venezuela.
Em Nova Iorque, Yván Gil sublinhou que a Venezuela está a "oferecer diálogo" aos Estados Unidos, conforme comunicado numa carta do Presidente Nicolás Maduro ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No domingo, a vice-presidente executiva da Venezuela, Delcy Rodríguez, confirmou que Maduro enviou uma carta a Trump na qual se diz disposto a manter conversações diretas com o seu enviado especial, Richard Grenell.
De acordo com a carta, datada de 06 de setembro, Maduro indicou que o canal com Grenell tem funcionado "de forma impecável" até à data.
Além disso, o chefe de Estado venezuelano disse que, ao longo destes primeiros meses da gestão de Trump, sempre se procurou "uma comunicação direta para atender e resolver qualquer questão que surgisse" entre os dois governos.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou esta segunda-feira a receção da carta de Maduro, cujo "regime" classificou como "ilegítimo", e afirmou que a missiva contém "muitas mentiras".
A Administração Trump enviou, pelo menos, oito navios de guerra para a região e um submarino de ataque rápido com propulsão nuclear, bem como mais de 4.500 soldados, como parte de uma operação no mar do Caribe. Também enviou caças F-35B de última geração para Porto Rico.
Desde agosto, os EUA já intercetaram quatro embarcações alegadamente ligadas ao tráfico de droga no Caribe, perto da costa venezuelana, pelo menos, três delas provenientes da Venezuela, segundo a Casa Branca.
A quarta, cuja origem é desconhecida, foi afundada na noite de sexta-feira em águas da República Dominicana.