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Damas de Beneficência na Venezuela aproximam crianças da cultura portuguesa

Lucecita de Rodrigues, presidente da Sociedade de Beneficência das Damas Portuguesas de Caracas, foi recebida no início do ano pelo Governo Regional.   Foto DR/DRCCE
Lucecita de Rodrigues, presidente da Sociedade de Beneficência das Damas Portuguesas de Caracas, foi recebida no início do ano pelo Governo Regional.   Foto DR/DRCCE, https://www.facebook.com/photo/?fbid=914427630869684&set=pcb.914428367536277

A Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas (SBDP) de Caracas usaram o período das férias grandes escolares para aproximar crianças lusodescendentes carenciadas das suas raízes, da língua e cultura portuguesas.

O projeto "Aprender português a brincar nas férias", durou nove semanas e permitiu a mais de duas dezenas de crianças lusodescendentes de 6 aos 14 anos de idade, aprenderem o básico para se comunicarem em língua portuguesa e inclusive cantarem canções populares.

"Idealizámos este projeto porque tínhamos as pessoas que ajudamos a vir com os netos e percebemos que já estavam a perder a língua portuguesa. Mesmo que os avós em casa falem português, elas respondem em espanhol. A aposta foi incentivar o amor pela língua portuguesa", disse a presidente da SBDP.

Lucecita Fernandes falava à agência Lusa, à margem da cerimónia de entrega de certificados, que decorreu na sede daquele organismo.

"Valeu apena. A aposta foi ensinar-lhes também que a língua portuguesa pode abrir-lhes portas para um futuro melhor. Tivemos aqui crianças que queriam aprender e, do nosso lado, a vontade de as acompanhar e ensinar", explicou, precisando que a SBDP está já a preparar o 2.º nível de formação.

Presente no evento, o embaixador de Portugal na Venezuela, João Pedro Fins do Lago, sublinhou o "profundo sentimento de orgulho e alegria" ao ouvir as crianças apresentarem-se e cantarem em português.

"É, através de iniciativas como esta, movidas por um voluntarismo incansável e um amor incondicional pela nossa cultura que mantemos viva a chama da nossa identidade", disse o diplomata.

Por outro lado, elogiou a professora e os familiares ao incentivarem as crianças a aprenderem português.

"Estão a dar-lhes uma herança e uma ferramenta preciosíssimas. Estão a oferecer-lhes não apenas as palavras e gramáticas de uma língua, mas sim um passaporte para uma cultura riquíssima e para um futuro de oportunidades, que lhes abre as portas do mercado mundial do trabalho, mais tarde. E, mais importante que tudo, estão a fortalecer os laços que nos unem a todos", disse.

O diplomata recordou que mais de 360 milhões de pessoas falam português e afirmou-se satisfeito porque há uma expansão muito significativa do ensino de português na Venezuela.

"Levem este conhecimento com orgulho. Usem-no para falar com os vossos avós, com os vossos pais, com a vossa família, para cantar as nossas músicas. E um dia mais tarde, para viajar e descobrir que o português é uma chave que vos vai abrir as portas do mundo e inteiro. Em nome do Governo de Portugal, felicito-vos. Que esta seja apenas a primeira de muitas conquistas no vosso caminho da descoberta da língua portuguesa", disse.

Em declarações à Lusa, a professora de português Ana Maria de Abreu, responsável pelo projeto, sublinhou a importância de estas crianças terem "um contacto mais próximo com Portugal".

"Reparamos que elas não falavam português, apenas castelhano. Muitas delas têm os pais emigrados fora da Venezuela e estão aos cuidados dos avós. Fizemos o curso para as unir aos antepassados e para que tivessem um vínculo com Portugal através da língua portuguesa", disse.

Ana Maria de Abreu explicou ainda que as crianças "saíram com um vocabulário extenso e a cantar em português".

"Tivemos a oportunidade de visitar no Centro Português os monumentos que representam a cultura portuguesa, como a casinha de Santana, o galo do Barcelos, o azulejo com a Torre de Belém e o quadro de Vaz de Camões (...) Conseguiram ter um elo com a terra-mãe, e nunca vão esquecer o que viram, o que sentiram, o que cantámos, o que aprendemos", explicou.

O projeto, segundo o coordenador do ensino da língua portuguesa na Venezuela, Rainer de Sousa, contou com o apoio da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, através do Consulado e da Embaixada de Portugal em Caracas, e do instituto Camões.