Venezuela acusa os EUA de guerra não declarada no Caribe
O ministro da Defensa venezuelano, Vladimir Padrino López, acusou ontem os EUA de manterem uma guerra não declarada contra a Venezuela em que executam qualquer pessoa que opere navios no mar do Caribe.
"Esta é uma guerra não declarada, [os navios] foram executados no mar do Caribe, sem direito à defesa, com tanta tecnologia e tanto poder e sem capacidade para intercetar uma embarcação nos espaços do mar do Caribe", disse.
Vladimir Padrino López falava durante os exercícios militares Caribe Soberano 200, desde o posto de comando das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB), em Caracas.
"A ordem neoliberal está completamente desestruturada. [...] Já não se declara guerra, é a ameaça militar, é o lançamento de mísseis", disse Vladimir Padrino López que acusou ainda os EUA de pretenderem subverter as instituições venezuelanas.
O ministro insistiu que as FANB têm a missão constitucional de "defender e garantir a independência nacional" e anunciou que a Venezuela manterá um aumento contínuo da prontidão operacional do seu poderio militar da Venezuela, para além de fortalecer a união cívico-militar-policial, para enfrentar as ameaças dos Estados Unidos "de onde quer que surjam, com as características que tenham e no terreno que decidirem".
Por outro lado, sublinhou que há presença de oficiais castrenses ao longo de todo o território venezuelano, que realizam múltiplos exercícios militares, que combatem ativamente o trânsito ilícito de substâncias estupefacientes e grupos armados de narcotraficantes terroristas.
"O governo não deu consentimento, a nenhum grupo armado, para permanecer no país", frisou.
As tensões entre a Venezuela e os Estados Unidos aumentaram em Agosto, depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ordenado o envio de navios de guerra para as Caraíbas, para águas internacionais próximas do país sul-americano, citando a luta contra os cartéis de drogas da América Latina.
Na semana passada, Trump anunciou que os Estados Unidos tinham atacado um "barco que transportava droga", matando 11 "narcoterroristas", dizendo tratar-se de membros do Tren de Aragua, um cartel venezuelano estabelecido em vários países e classificado como organização terrorista pelo Presidente norte-americano.
Os Estados Unidos acusam o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar o Cartel dos Sois, de tráfico de droga e recentemente aumentou a recompensa por informações que levem à sua captura para 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros).
Nicolás Maduro denunciou a presença militar norte-americana junto à costa venezuelana e negou qualquer ligação com o narcotráfico.
Nas últimas semanas, Maduro apelou à população para que se aliste na milícia, um corpo altamente politizado, criado pelo falecido presidente Hugo Chávez, assim como anunciou um plano de defesa e o envio de 25.000 membros das forças armadas para as fronteiras.