Interrogações sobre o (i)relevante interesse público das concessões na praia do Porto Santo
Quais são as “reais” contrapartidas para os frequentadores da praia do Porto Santo da utilização privada de parcelas do areal (e do mar) por parte de concessionários privados (hotéis e empresários de animação turística)?
Porque é que um visitante (não hospedado num dos hotéis com “praia concessionada” ou que não queira, ou não possa, alugar as espreguiçadeiras para a família) não há de poder colocar “livremente“ a sua toalha e o seu chapéu de praia no areal? E quando chegarem as marés vivas? Será que os licenciadores se aperceberam que a praia encolhe quase até à duna - veja-se, por exemplo, a zona do Pé na Água?
Vale a pena perder o usufruto público e gratuito das parcelas mais “cobiçadas” da praia (perto dos “poucos” acessos existentes) em troca de uns “tostões” e de umas dezenas de “nadadores” que (felizmente) pouco salvam porque actuam num Porto Santo?
E o que dizer do impacto visual das bandeirinhas; dos caixotinhos de madeira que servem bebidas e concentram beatas e copos de plástico; dos montinhos de espreguiçadeiras; dos corredorzinhos de bóias para uso exclusivo de alguns; do barulho das motas de água; do ruído dos botes a rebocar insufláveis?
Por falar em transparência, não seria útil que cada espaço apresentasse ao público um cópia do licenciamento? E, sobretudo, dos direitos e deveres dos concessionários? Onde param os avisos para a discussão pública da intenção de “privatização” da praia e do mar? Será que não há mais interessados na utilização privativa daqueles concretos espaços do domínio público?
Será que faz sentido que hotéis – e.g. Vila Baleira e Pestana - tenham sido autorizados a plantar áreas concessionadas contíguas com centenas de metros de extensão? Não faria sentido negociar a abertura de acessos públicos à praia em contrapartida dessa utilização privativa?
Por fim, onde estão os nadadores-salvadores da praia da Calheta (local em que eles são imprescindíveis dado o elevado risco daquela área)?
A este ritmo corremos o sério risco da praia, ao contrário do sol (e do IVA), não ser para todos ….
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