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Preparar a ida para a universidade longe de casa

É já este domingo que os estudantes vão saber se conseguiram ficar colocados na 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior. Estudar numa universidade longe de casa é um passo marcante na vida de muitos jovens, porque além do desafio académico, esta transição implica sair do ambiente familiar e ganhar autonomia.

Esta mudança exige atenção a aspectos logísticos, emocionais e financeiros, especialmente para os estudantes deslocados das ilhas, que ficam a centenas de quilómetros de distância.

Uma nova cidade, uma nova rotina e uma mudança que pode ser sinónimo de crescimento. Mas antes é preciso levantar questões práticas: Onde morar? Como gerir o orçamento? O que é preciso para viver sozinho?

Neste guia, com base em informação do Doutor Finanças, saiba o que é preciso para se preparar da melhor forma para ficar longe de casa.

Planear a mudança com antecedência

A escolha do curso e da universidade influencia directamente na logística da mudança, sobretudo se o estudante tem de mudar de cidade. O ideal é iniciar este planeamento logo após a candidatura ou até antes, antecipando possíveis cenários.

Se o estudante se candidata apenas a universidades que ficam em outras cidades, deve considerar o tipo de alojamento mais adequado. Por exemplo, é necessário analisar se ficará numa residência universitária, um quarto arrendado, uma casa partilhada ou até estadia com familiares. Cada opção tem um custo diferente, assim como regras e disponibilidades distintas, que variam consoante a cidade e a procura.

Grandes cidades como Lisboa, Porto e Coimbra podem ter os preços de arrendamento mais altos.

Além do alojamento, deve redigir uma lista de bens a transportar, calcular o custo da mudança e planear as primeiras semanas de adaptação. Quanto mais cedo organizar estes passos, mais tranquila será a mudança. A antecipação ajuda a prevenir decisões precipitadas e gastos desnecessários.

Visitar o estabelecimento de ensino antes

Se conseguir, visite a cidade onde vai estudantes antes. Conhecer o bairro onde poderá morar, perceber a distância até à universidade, experimentar os transportes públicos e procurar supermercados ou centros de saúde podem fazer a diferença.

Estas visitas, segundo o Doutor Finanças, ajudam a identificar zonas seguras, mais económicas ou mais bem servidas de infraestruturas. “Por norma, os estudantes que visitam previamente o local têm mais facilidade em adaptar-se ao novo ambiente. Afinal, já tiveram oportunidade de se familiarizar com o espaço e com as rotinas locais”, refere.

Os dias abertos ou as semanas de recepção aos novos alunos incluem visitas guiadas ao ‘campus’, apoio dos núcleos de estudantes e apresentações dos serviços académicos. Participar nestas actividades é importante, não só para se ambientar, mas também para começar a ter uma rede de contactos e apoios.

Aprender as tarefas domésticas

Viver sozinho implica lidar com responsabilidade que, por norma, outrora estavam a cargo de outro familiar. Saber cozinhar refeições simples, manter a casa limpa, lavar a roupa e gerir horários são competências para a autonomia na universidade.

Aproveite os meses anteriores para aprender a cozinhar, a limpar a casa e organizar o orçamento semanal pode fazer diferença. Ao nível da gestão do orçamento, existem cursos, vídeos tutoriais ou até artigos que o podem ajudar nesta missão.

Estas aprendizagens promovem a confiança e a autoestima, além de poupar dinheiro e garantir melhores hábitos alimentares. Ser capaz de gerir a vida doméstica com eficácia auxilia a reduzir o stress nos primeiros meses e a concentrar-se no sucesso académico.

Idas a casa

Antecipe as idas a casa. Os custos das viagens, sejam de comboio, autocarro, carro e, no caso das ilhas, avião implicam gastos extra. Marcar as viagens com antecedência permitem poupar dinheiro.

Pondere a frequência das idas a casa e estipule um número de visitas, desta forma consegue identificar o peso deste encargo no orçamento.

Embora o apoio familiar seja reconfortante, a adaptação à nova realidade exige um afastamento temporário. Criar uma rotina estável no local de estudo favorece a integração social e académica. É importante encontrar um equilíbrio saudável entre regressar a casa e construir uma nova vida na universidade.

Identificar os custos com a ida para a universidade

Deve verificar os gastos mensais com a ida para a universidade longe de casa. Identificar todos os custos que vai ter. Contudo, deve ter em atenção, que estas podem não refletir a realidade depois da instalação.

Alojamento, alimentação, transportes e encargos com os estudos são a maior fatia, por isso pode fazer um levantamento de quanto vai gastar.

Faça as contas com antecedência para ter a certeza de que consegue suportar os custos com a ida para uma universidade longe de casa.

Apoios disponíveis para estudantes deslocados

Os estudantes deslocados podem beneficiar de alguns apoios, desde bolsas de estudo até subsídios de alojamento.

Por exemplo, a bolsa de estudo da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) é atribuída com base nos rendimentos do agregado familiar. Contudo, existe um apoio extraordinário ao alojamento para estudantes deslocados. No ano lectivo de 2024/2025, este apoio consistia na atribuição de um complemento de alojamento até 50% dos limites fixados para cada área geográfica para estudantes deslocados não bolseiros, com rendimentos per capita entre 23 e 28 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (IAS).

É ainda essencial consultar alguns programas em vigor, como arrendamento acessível (Portal da Habitação), os programas que abrangem as residências universitárias e programas municipais de apoio ao arrendamento.

Gestão do orçamento mensal

Um dos maiores desafios pode ser a gestão de dinheiro. As despesas fixas como a renda, alimentação e transportes e materiais escolares requerem um planeamento bem de cada euro disponível. Criar um orçamento mensal pode ser a chave para manter a estabilidade financeira ao longo do ano.

Estabeleça limites semanais para compras e refeições fora é uma boa forma de controlar os gastos, especialmente nos primeiros meses.

Além disso, muitos estudantes procuram trabalhos em part-time para complementar o orçamento. É importante garantir que o trabalho não compromete o rendimento académico.

Criar uma rede de apoio

A saudade da família, o desconhecimento da nova cidade ou o medo do insucesso académico são normais. Por isso, é fundamental construir uma rede de apoio desde o início.

Participar em actividades extracurriculares, integrar associações académicas ou clubes ajuda a conhecer novas pessoas e a criar relações.

Além disso, as universidades disponibilizam serviços de apoio psicológico, tutoriais e acompanhamento pedagógico. Estes recursos estão ao dispor de todos os alunos e devem ser utilizados sempre que necessário. Procurar ajuda é um sinal de maturidade e não de fraqueza.

Altos e baixos da nova fase

É normal haver momentos de entusiasmo e conquistas, mas também de cansaço, dúvidas e solidão, por isso deve preparar-se emocionalmente para essa montanha-russa que é tão importante quanto fazer as malas.

Criar expectativas realistas, criar rotinas saudáveis, como dormir bem, fazer exercício físico e evitar o isolamento contribui para o bem-estar geral.

“Acima de tudo, é importante lembrar que esta fase é uma oportunidade de crescimento. Ganhar autonomia, lidar com responsabilidades e ultrapassar obstáculos são aprendizagens que vão muito além da sala de aula. Cada passo dado longe de casa é, também, um passo rumo à maturidade”, menciona o Doutor Finanças.

Jornada com impacto para a vida

Sair de casa para ir estudar para a universidade é mais do que um percurso académico, é uma experiência para a vida. Por isso, a chave para o sucesso está na preparação: quanto mais planear, mais leve será a adaptação.

Com o apoio certo, iniciativa e informação é possível transformar esta mudança num dos capítulos mais enriquecedores da vida de um jovem.