Onde há vontade, há possibilidade

Uma publicação do Diário de Notícias da Madeira, no Dia Mundial da Saúde, dá-nos conta do resultado de um inquérito dirigido a uma fatia da população madeirense sobre o seu estado de saúde em geral. Fazendo fé na veracidade de resultados tão animadores, dir-se-ia que metade dos madeirenses goza de uma saúde invejável, o que não é muito condicente com o estado da Saúde. É preciso ter em conta o número de pessoas inquiridas, a idade e as condições de acesso aos cuidados de saúde, entre outros aspectos. Não me parece que tal corresponda à nossa realidade, pese embora bem melhor do que a do território continental, a avaliar pela informação veiculada nos meios de comunicação social áudio-visual e escrita.

A Saúde não pode estar saudável quando há quase dois milhões de pessoas sem médico de família, quando há médicos, enfermeiros e profissionais de saúde exaustos e em burnout, quando continuam intermináveis meses e anos a fio as listas de espera para exames complementares de diagnóstico e consultas de medicina geral ou de especialidade; quando há pessoas a morrer por falta de cuidados de saúde adequados motivados pela escassez de recursos humanos e materiais no nosso Sistema de Saúde Pública. É uma realidade que não se pode ignorar ou escamotear. A Saúde está doente. É um facto.

Gastam-se balúrdios em estudos que, invariavelmente, têm como destino final o lixo. Canalizar essas verbas para objectivos mais prementes na resolução de situações inadiáveis, nomeadamente na área da Saúde, colheria mais e melhor eficácia e seria uma mais-valia com efeitos imediatos. Acho que ninguém dúvida que a nossa saúde é o nosso bem maior.

“Só sei que nada sei”, mas no Dia Mundial da Saúde, não poderia deixar passar em branco uma situação deveras confrangedora, terrível, grave e muito séria que acontece no Porto Santo. Penso ser do conhecimento da comunidade em geral, e dos médicos oncologistas em particular, o elevado índice de doença oncológica na nossa população, desde muito tempo a esta parte. Ela atinge indiscriminadamente jovens, jovens adultos, adultos e idosos e tem ceifado vidas, atrás de vidas deixando um rasto de dor e sofrimento em quase todas as nossas famílias. É mau demais. Tem de haver uma explicação. Seja ela qual for.

Acho que esta situação deve merecer, isso sim, um ESTUDO SÉRIO. Desconheço se algo foi efectuado até hoje, e gostaria que quem de direito envidasse esforços no sentido de se apurar a causa deste flagelo, indo à sua génese porque é lá que está a resposta. Não há reacção, sem acção. Quem sabe suprimindo a origem não se poupará ainda tantas vidas e evitará tratamentos penosos, autêntica via-sacra.

Não sei se serão necessários alguns milhões, mas muito boa vontade, sim.

E onde há boa vontade há sempre um caminho.

Madalena Castro