Quando os ‘engraxadores’ faziam parte do visual do Funchal
‘Canal Memória’ desta sexta-feira recua até 1988
Hoje muito mudou e os engraxadores deixaram de ser uma das imagens de marca da cidade do Funchal. No entanto, em 1988, tal como afirmava uma reportagem do DIÁRIO, embora com menos procura, este ainda era um serviço que continuava a ser prestado.
Era na margem do Mercado dos Lavradores que quatro engraxadores ainda continuavam a trabalhar. Raúl Pontes era um desses homens, com quem o DIÁRIO falou em 1988. O engraxador começou a trabalhar aos sete anos, como ardina do DIÁRIO, até porque nunca quis ir para a escola.
Questionado sobre se tinha muitos clientes, assumia que havia dias em que tinha dois ou três clientes, mas noutros nem um par de sapatos engraxava. A maioria dos clientes eram estrangeiros que, mais do que engraxar os sapatos, queriam uma fotografia de recordação.
“Ora um, ora outro, pé apoiado na velha caixa de madeira: primeiro é uma camada de «anilina», que se desfaz na água, depois uma de pomada; o outro pé depois e, finalmente, usando uma escova grande (existem duas pequenas: uma para a anilinha e outra para a pomada) e um pano é só 'puxar o lustro”, explicava o nosso matutino.