Integridade, ética e transparência
Teresa Ruel, professora Ciência Política – Universidade Lusófona analisa a campanha de fora
As eleições regionais antecipadas do passado maio de 2024 foram provocadas por falhas de integridade e ética no exercício de cargos políticos – o presidente do governo regional da Madeira foi constituído arguido (em janeiro de 2024).
Todavia, os resultados determinaram a reeleição de Miguel Albuquerque e garantiram a formação de um governo minoritário ao PSD, preso por arames parlamentares.
As falhas de integridade e de ética alastraram em coluna ao executivo regional. A justiça constituiu-os arguidos e o parlamento censurou-os. Seis meses volvidos, novas eleições antecipadas!
A crise política nacional expôs, deu dimensão e nome ao fenómeno. Mostrou a fragilidade de um dos partidos políticos fundadores da democracia portuguesa (o PSD), e os “banhos de ética” que nunca chegam, onde se ganham eleições.
Num ambiente institucional favorável, onde o PSD reúne a governação nos Açores e na Madeira; a nível nacional, e alinhado ideologicamente com o Presidente da República, ainda que, dependente do(s) parlamento(s), as questões individuais e a federação de interesses particulares sobrepõem-se e capturam as instituições políticas.
As eleições não são o mecanismo de legitimação ética. Garantem a legitimidade formal, mas não são permissivas todo o tempo nem o tempo todo.
A contaminação dos temas nas diferentes arenas de competição política (regional e nacional) é útil ao esclarecimento, ao desfazer de percepções e assumir a realidade. Visto de fora, uma aragem.