Num carnaval de democracia

Quando irão cair as máscaras, como podemos continuar a acreditar e votar em oportunistas mascarados? Porquê culpar o perdão quando o pecado é o problema? Quando querem que vejam não ouvem nem aquilo que tenho para mostrar e o que possa vir a calar! Às vezes parece existir a simbiose perfeitas, outras vezes assombra-se o perpetuar dum antagonismo pretendido. Fazer valer a ideia de sermos os donos da verdade quando de maneira hipócrita protegemos a mentira. Tolerar a traição para proteger o protagonismo e louvar os protagonistas em defesa de uma imperdoável demagogia. Ser-se coerente, sério, honesto e responsável dá um enorme trabalho e sobrepõe-se a uma tarefa difícil de desempenhar, a de agradar a todos. Assim se movem os interesses que a política encetou; a liberdade permitiu e o modelo de democracia implementado neste país promoveu ao longo de 50 anos. Não acham que já é muito tempo para que nós os cidadãos comuns aceitarmos de ânimo leve que isto é, será e sempre foi assim? Quando as pessoas pensam que já não há solução surgem novos horizontes e novas motivação que nos fazem voltar a creditar de novo, mas que logo se desmoronam e deitam por terra toda aquela possibilidade de esperança num novo amanhã. Confiar naquilo que até aqui nunca foi solução pois será impossível resolver os problemas usando as soluções que nunca deram resultado ou que apenas resolveram os «Problemas» de alguns. Desconfiar de quem já passou ao lado do problema e nunca encontrou a solução, será o mesmo que voltar a comer algo de que não gostamos noutro tempo e a possibilidade de provar algo novo. Mas existe também o receio de que esse algo novo nos decepcione, o que para tal teremos de testar e só depois aceitar ou rejeitar qualquer tipo de alternativa. Estaremos nós preparados para escolher aquilo que realmente nos convém, continuar a aceitar o que nos querem impor, recusar a escolher o nosso futuro ou decididamente ter a coragem de tentar algo novo que minimamente possamos criar em nós a ilusão duma esperança talvez utópica que possa ao menos mudar a realidade dos factos. Quantas vezes as nossas dúvidas atraiçoam-nos, o receio em experimentar algo novo, realizar novos projetos ou fazer coisas diferentes, depois farão que nos arrependamos de manter teimosamente aquilo que sempre foi o nosso medo de mudar. Quem nunca mudou algo na sua vida de que viesse a arrepender-se depois? Da mesma forma quem nunca depois de tanta indecisão predispôs-se a mudar e compreendeu que talvez se o tivesse feito mais cedo teria obtido os resultados positivos que o fizeram realmente ter a coragem para mudar e reconhecer que deveria tê-lo feito antes. Quando estivermos em frente da escolha entre a coragem e a indecisão, entre a intrepidez e o medo, a determinação e a dúvida ou a solução e o problema vamos optar pela primeira opção em detrimento da última oportunidade. Porque não podemos continuar a sustentar a miséria disfarçada de democracia.

A.J. Ferreira