A cabeça-de-lista do Livre é uma mulher de causas, assumidamente ambientalista e com trabalho feito na área social.
Aos 41 anos, Marta Sofia, profissional da cultura freelancer é assumidamente ambientalista. Isso mesmo disse na sua apresentação pessoal, aquando da candidatura às primárias abertas do Livre. No entanto, há mais do que amor pelo meio ambiente na vida desta ‘recém-chegada’ à política.
Por ser uma ‘mulher de causas’ e querer mudar aquilo que, há muito, vê estar mal na sociedade madeirense, decidiu concorrer às primárias do Livre no ano passado. Acabaria por ser a candidata com maior pontuação, ocupando assim o número 1 da lista do partido. Este ano, com um cenário de eleições regionais antecipadas, voltou a concorrer e torna a ‘vestir’ as cores do partido.
A vida desta profissional de cultura é marcada por se envolver em vários projectos, em muito relacionados com as vivências da sua infância e adolescência. Com cerca de 1 ano e meio foi viver para o Porto da Cruz, onde foi criada pela avó e por uma tia. Já aos 4 anos foi residir para o já ‘extinto’ Bairro da Ribeira de João Gomes, sítio onde cresceu.
Marta Sofia admite que foi neste local que tomou noção sobre as circunstâncias da vida. Apesar de em sua casa o ambiente ser tranquilo, à sua volta assistia a cenários de violência doméstico e de consumo de álcool e droga. Além disso, “o lixo era atirado para a ribeira”. O seu espírito ambientalista começava a surgir.
Marta Sofia afiança que foi aí que percebeu as desigualdades sociais, quando na escola os professores “davam mais reguadas a quem era do bairro”.
Foi neste contexto que o Movimento Apostólico das Crianças aparece no bairro. Esta ‘lançada a pedra’ pela paixão pela arte. O grupo promovia a arte junto das crianças, permitindo-lhes pintar, desenhar, cantar, dançar… “A minha vida mudou”, assume a cabeça-de-lista do Livre.
Este movimento trouxe-lhe então o gosto pelo voluntariado e envolveu-se em vários projectos que fomentavam a participação cívica. Com 16 anos, acompanhada por uma amiga, ia ao Bairro das Malvinas para falar com quem lá vivia e perceber quais as necessidades.
Entretanto, juntou-se à European Playwork Association (EPA), uma organização não governamental internacional, especialmente direccionada para crianças, jovens e grupos de mulheres em comunidades afectadas pela pobreza e exclusão social. Trabalhou como voluntária em vários países, contactando de perto com as suas realidades.
Já em 2004, integrou o ‘Pompidou Group’, através da EPA, sendo jurada na primeira edição do ‘European Drug Prevention Prize’, que analisa associações europeias que contribuíram para a promoção de políticas de drogas eficazes e baseadas em evidências. Foi mais uma oportunidade para Marta Sofia conhecer uma realidade sobre a qual tinha algum conhecimento pelo trabalho que já tinha desenvolvido na Região.
Aliás, esta é uma área do seu interesse e que pretende apoiar, uma das causas pelas quais se move, tentando contactar com consumidores de droga, mostrando-lhes alternativas e caminhos que podem seguir para superar o vício.
Antes, em 2001, começou a trabalhar como técnica de vendas de Turismo e Mar, foi assistente de consultório, trabalhou num bar, numa loja, desempenhou funções como assistente de produção, trabalhou num call center, numa imobiliária e foi Coordenadora na Rádio Popular, Zarco, Sol e Rádio Palmeira. Por isso, Marta Sofia aponta que “o trabalho não me assusta” e refuta estar na política “por causa de tachos”.
Como Profissional da Cultura afiança que quer levar a arte a todos. "Conheci uma senhora com 93 anos que nunca tinha ido a uma exposição", relata, sendo que essa foi uma realidade que conseguiu mudar com o seu trabalho. Era a senhora Margarida, com quem fez questão de tirar uma fotografia.
Entre o trabalho e uma vida familiar pataca, com um filho menor de idade, Marta Sofia envolve-se em várias causas ambientalistas, como o caso da estrada das Ginjas, que tem denunciado activamente nas redes sociais ou o teleférico do Curral das Freiras.