Alianças, promessas e desafios
Torna-se essencial que os cidadãos exijam transparência e prestação de contas aos seus representantes
As próximas eleições regionais serão as quartas antecipadas desde 1976, com 12 partidos e 2 coligações a apresentarem-se a votos. O leque de propostas é vasto, abrangendo desde medidas financeiramente viáveis a outras que ultrapassam as competências da Região. Há de tudo. A avaliação crítica do eleitorado será determinante para diferenciar promessas exequíveis de propostas irrealistas e separar o ‘trigo do joio’, não se deixando levar por falsas promessas.
Neste cenário, o posicionamento dos partidos em relação a coligações e acordos será crucial para a formação do próximo governo. Algumas forças políticas já manifestaram abertura para entendimentos que afastem o PSD da maioria. A Iniciativa Liberal, por exemplo, admite alianças à esquerda, mesmo que algumas das políticas do PS e do JPP estejam distantes da sua matriz ideológica. Pouco importa! O CDS, parceiro do PSD nos últimos governos, também se mostra disponível para acordos tanto à direita como à esquerda, priorizando “a estabilidade”, mas excluindo entendimentos com partidos como Chega, CDU e Bloco de Esquerda. Ao longo desta já longa pré-campanha, o aliado tradicional do PSD tem apresentado um conjunto de propostas (muitas) para vários sectores. Muitas delas não poderiam ter sido implementadas nos últimos seis anos, em que influenciou decisivamente o governo? Esta mudança de discurso levanta questões sobre a coerência da sua actuação e sobre o impacto real das suas promessas, caso volte a ser fundamental para um novo executivo laranja.
A participação continua a ser um dos desafios do acto eleitoral. A desactualização dos cadernos eleitorais distorce os números da abstenção, dando uma imagem mais alarmante do que a realidade. A inexistência de voto em mobilidade vai também dificultar a participação de muitos eleitores.
Para além do exercício cívico, torna-se essencial que os cidadãos exijam transparência e prestação de contas aos seus representantes, sobretudo num contexto internacional instável, onde a incerteza económica e política se faz sentir a vários níveis.
2. Outro ponto de destaque nestas eleições é a questão da paridade de género nas listas de candidatos. Embora PS, CDU, PAN, Força Madeira e Livre tenham cumprido as regras de igualdade, partidos como PSD, JPP e CDS não garantiram uma distribuição equilibrada de homens e mulheres. O PSD, por exemplo, conta com 45% de candidatas efectivas, mas a ordem das listas não reflecte esse equilíbrio, dado que a inclusão de autarcas em fim de mandato – todos homens – influenciou a hierarquia das candidaturas. Apesar de alguns defenderem que a competência deve prevalecer sobre critérios de género, a realidade tem demonstrado que, sem imposições legais, a representação feminina nos órgãos de decisão continua reduzida.
Com um quadro político fragmentado e negociações já em perspectiva, as próximas eleições regionais serão decisivas para o futuro da governação na Madeira. Mais do que a quantidade de promessas, será a capacidade de concretização e de compromisso com a estabilidade que ditará os próximos passos na política regional.