Para que servem as próximas eleições?
Professor Joaquim Sousa estreia o 'Barómetro de Campanha'
Semanalmente durante a pré-campanha uma personalidade por nós convidada mede a temperatura política
Damos hoje início a nova rubrica inserida na cobertura jornalística rumos às 'Regionais'. Trata-se do 'Barómetro de Campanha' que nesta fase será dominical no digital e com divulgação na edição em papel de segunda-feira. Quando a campanha começar será diária, também com divulgação nos nossos vários meios. O professor Joaquim Sousa é o primeiro convidado deste espaço que mede a temperatura política.
Para que servem as próximas eleições?
Há uma outra pergunta que se ouve, por estes dias, à medida que as eleições legislativas se aproximam: “Em quem é que vou votar?” Mas mais importante do que a resposta — é a pergunta, pois esta revela bem a dificuldade que muitos eleitores encontram na decisão que têm de tomar no próximo dia 23 de março.
Três eleições depois o aqui e o agora são uma nebulosa. Um ano e meio ano em campanhas eleitorais, um PRR longe da execução que devia ter, uma economia que não consegue derramar na sociedade o fruto do crescimento, o fantasma da instabilidade política e um futuro cada vez mais distante. Percebe-se bem, por isso, a pergunta: “Em quem é que vou votar?”
Este é, por isso, o tempo dos partidos políticos. Antes de dar a voz aos eleitores, cabe aos candidatos às próximas eleições apresentarem à região um projeto político capaz de responder aos desafios que enfrentamos — e são muitos — que indique uma visão da sociedade e da economia, que permita que cada um de nós vote de forma informada.
Lamentavelmente, o que se viu até agora não foi isso. Bem sei que uns ainda tem um congresso pela frente, que os programas eleitorais ainda não foram apresentados, mas o nível de discussão pré-eleitoral tem sido manifestamente fraco, resumindo-se a discussões estéreis, que procuram influenciar o eleitorado através da estratégia quer do medo quer do caus, para além do eterno debate sobre quem se coliga com quem no pós eleições.
A esta distância tenho fundados receios que o debate eleitoral se torne uma espécie de leilão de promessas, entre quem baixa mais os impostos e quem dá mais subsídios, entre quem traz o ferry e quem paga mais pelo kg de banana, entre quem gosta mais dos funcionários públicos e quem gosta mais dos empresários da construção civil.
Tenho fundados receios de que PSD e PS não queiram — ou não saibam, o que é pior ainda — explicar como pretendem tirar os madeirenses da pobreza, evitar a emigração dos mais jovens, restaurar a confiança na saúde, reformar a escola pública ou criar condições dignas de habitação.
Se os meus receios se confirmarem — as próximas eleições podem vir a ser decididas pela negativa. Mais do que votar em projetos e em pessoas capazes de os executarem, o fator de decisão poderá ser o da rejeição — “voto neste porque não quero aquele” — ou o voto de protesto, em partidos de nicho que se alimentam das fragilidades dos atuais atores políticos.
Se assim for, estas eleições serão mais uma oportunidade perdida. E, lembrando as palavras de Francisco Sá Carneiro “é preciso que as eleições sejam de facto escolha, que as pessoas quando votam saibam que votando em determinado partido escolhem determinado governo”.
Barómetro da Campanha
O que tem a campanha de escaldante, quente, morna e fria? Eis o veredicto do professor Joaquim Sousa:
A assunção do JPP em assumir-se como alternativa de governação.
A vontade do CDS de continuar junto ao governo seja com PSD ou JPP.
O PS – por enquanto um partido do “nim”, nem sim nem não.
O PSD de Miguel Albuquerque – a colocar-se ao nível do Chega com os novos cartazes.