Há 40 anos Jardim admitia concorrer à Presidência da República
A edição do DIÁRIO de 12 de Fevereiro de 1985 tem uma primeira página dominada pelo momento político que se vivia no país. O PSD nacional está em crise, depois da demissão de Mota Pinto face às divisões internas e prepara-se para uma consulta às bases sobre as eleições presidenciais do ano seguinte - situação idêntica à que se vive hoje - e para um congresso, marcado para a Figueira da Foz, em Maio.
Portugal tinha um governo do 'Bloco Central' (PS e PSD), liderado por Mário Soares e Mota Pinto era vice-primeiro-ministro, cargo de que também se demitiu.
No aeroporto do Funchal, Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira e da Mesa do Congresso do PSD nacional, analisa a situação do seu partido e as eleições para a Presidência da República. Afirmações que teriam repercussão nacional.
Perante os resultados da consulta que seria feita às bases do PSD, Jardim não tinha dúvidas de que "qualquer militante, inclusive eu próprio, temos a obrigação de os aceitar". O presidente do Governo Regional deixava bem claro que se fosse essa a vontade do seu partido, seria candidato à Presidência da República. Uma possibilidade que foi assumia ao nível nacional, num momento em que o partido 'laranja' atravessava uma das maiores crises.
Sobre as eleições presidenciais o resultado foi outro. O PSD iria apoiar Diogo Freitas do Amaral, ex-líder do CDS, numa candidatura que teve um arranque demolidor e vitória folgada na primeira volta, mas sem maioria absoluta. Na segunda volta, Mário Soares, que entrou na corrida a Belém com uma sondagem que lhe dava 8%, acabaria por vencer e tornar famosa a frase de campanha 'Soares é Fixe'.
Antes disso, o PSD iria viver um dos momentos mais importantes da sua história. Mota Pinto morre, antes do congresso da Figueira da Foz e a disputa pela liderança - então ainda decidida em congresso - parecia reduzida ao confronto entre Rui Machete e João Salgueiro. Não foi isso que aconteceu e, a 19 de Maio, os social-democratas iriam eleger o líder que lhes garantiria maiorias absolutas e mais tempo no poder.
Aníbal Cavaco Silva, que tinha sido ministro das Finanças no governo de Sá Carneiro (1980-1981), foi à Figueira da Foz, segundo o próprio, "fazer o rodagem" do seu novo carro, um Citroen BX, mas voltou para casa como líder do partido. Cargo que iria desempenhar durante mais de 10 anos, até ser candidato à Presidência da República, onde também estaria 10 anos.
Alberto João Jardim era presidente da Mesa do Congresso e terá sido um dos dirigentes que incentivaram Cavaco a avançar para a líder do partido.
O Governo do Bloco Central (PS/PSD) cairia, precipitando eleições legislativas antecipadas que seriam ganhas, em Outubro, pelo PSD, de Cavaco Silva.
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