DNOTICIAS.PT
Fact Check Madeira

Estariam os carreiros a conduzir “sem descanso” havia muitas horas?

None

Uma equipa de carreiros do Monte foi protagonista de um acidente, nesta segunda-feira, quando transportava duas pessoas, entre o Monte e o Livramento. Um dos carreiros caiu e andou vários metros puxado pelo carro de cesto.

A notícia desse facto suscitou mais de 150 comentários no Facebook do DIÁRIO. Muitos deles lembram que acontecem acidentes em qualquer lugar e profissão, mas há quem questione se não estariam os carreiros envolvidos havia demasiado tempo a trabalhar, sendo essa a causa do acidente.

Mas será verdade que aquela equipa contabilizava demasiadas horas “a conduzir sem descanso"?

A verificação da veracidade da afirmação será feita com base no testemunho de uma pessoa que assistiu ao acidente e em informações de uma fonte próxima dos envolvidos. As duas pediram ao DIÁRIO para não serem identificadas neste trabalho.

Os dois carreiros envolvidos no acidente são pessoas com uma longa experiência naquela actividade. Um conta com 28 anos de profissão e o outro com 22 anos.

O acidente deu-se às 13h30 de segunda-feira, apesar de só ter sido noticiado por volta das 16 horas.

No momento do acidente, os dois carreiros tinham quatro horas e meia de trabalho. Nestes casos, como na maior parte das equipas, a opção é não interromper o trabalho para almoço, desde que haja clientes a aguardar a descida.

Do acidente não resultaram consequências significativas, nem para os carreiros, nem para as duas pessoas que eram transportadas no cesto. Sinal disso mesmo é o facto de a viagem ter sido retomada e concluída, logo após a paragem e estabilização do carro de cesto.

Como é verificável no vídeo publicado nas redes sociais e no dnoticias.pt, os carreiros nunca largaram o cesto ou as cordas a ele amarradas. Isso permitiu controlar e parar o carro cesto mais rapidamente. Se o tivessem feito, largando o carro/cordas que o prendem, os carreiros poderiam ter garantido que saíam bem do acidente, mas poderiam colocar em causa a segurança dos passageiros.

Sobra uma questão, muito referida nos comentários deixados nas redes sociais. O acidente deu-se numa altura de chuva no Funchal. Muitos leitores questionam o facto de o serviço dos carreiros funcionar em tais condições meteorológicas. De facto, a regra seguida é interromper as descidas quando há chuva, pelo conforto dos passageiros e pela segurança.

Embora a regra seja interromper as descidas em caso de chuva, há exceções quando contratos previamente estabelecidos tornam a anulação do serviço difícil.

Toda a situação aqui descrita aparenta ter a compreensão dos leitores que deixaram comentários no Facebook do DIÁRIO. Mais de duas dezenas deixaram mensagens de apoio aos carreiros e elogios ao seu profissionalismo, pois, ao que afirmam, acidentes acontecem e, neste caso, o profissionalismo dos carreiros evitou males maiores.

Outra dezena de leitores demonstrou preocupação com o impacto do acidente no turismo da ilha. No entanto, vários comentários irónicos surgiram em resposta, destacando, por exemplo, a preocupação de um dos passageiros com os seus óculos de sol.

Pelo exposto, avaliamos como falsa a ideia de que o acidente tenha resultado de muitas horas de trabalho sem descanso, por parte dos carreiros. Uma das causas mais prováveis terá sido as condições proporcionadas pela chuva que caía no Funchal.

“Muitas horas a conduzir sem descanso pode ser a causa” – R. Oliveira, no Facebook do DIÁRIO