A greve como inércia estratégica
A anunciada greve geral foi convocada pelas duas centrais sindicais portuguesas; a paralisação do Governo americano resultou do desacordo entre republicanos e democratas.
O shutdown americano e a greve portuguesa têm causas muito diversas mas um dano colateral semelhante. Para atingir os objectivos – que dizem ser também o do futuro bem comum – tanto os senadores como os sindicalistas (incluindo de serviços públicos) não hesitaram em tomar como reféns centenas de milhares de inocentes perante a tolerância de milhões de cidadãos alegando não haver alternativa eficaz.
Se não há, há que inventá-la; foi isso que fizeram os operários fabris do Sec. XIX que só constrangiam o patrão. Haverá sempre uma alternativa; TINA é uma inércia mental. Será possível que os sindicalistas actuais que conhecem a história, que são, doutores, sociólogos, professores, médicos e até juízes não consigam inventar processo menos tosco? Eficiente, não apenas eficaz; eficiente e justo, que concite o apoio dos cidadãos.
Por justos que sejam, os fins não justificam os meios; se uma greve de serviços públicos já é deontologicamente reprovável (apesar dos serviços mínimos), a dos técnicos de “emergência” médica - onde não há serviços mínimos - é inadmissível.
H. Carmona da Mota