“Toda a gente compreende emoções do jogo, ninguém compreende faltas de respeito”
O presidente do NAFRAM fala em número insuficiente de árbitros na Região, pede maior tolerância ao erro e aborda a falta de policiamento nos jogos de futebol e futsal de formação
O presidente do Núcleo de Árbitros de Futebol da Região Autónoma da Madeira (NAFRAM), Pedro Luz, nomeou a pressão proveniente das bancadas como a principal razão que leva muitos jovens árbitros a desistir da sua função, lembrando que a idade mínima para iniciar a formação é de apenas 14 anos.
Um dos principais desafios que eles acabam por enfrentar é a pressão proveniente das bancadas. Enquanto está a começar na arbitragem, um jogador já passou pelos sub-8, 9, 10, 11, 12, já falhou muito, acertou muito, mas acima de tudo, já deu os seus primeiros passos no futebol até chegar ao escalão de iniciado. Pedro Luz, presidente do NAFRAM
Segundo o dirigente, o número de árbitros na Região é insuficiente, o que acaba por sobrecarregar os que estão no activo, que chegam a contabilizar entre quatro a seis jogos por fim-de-semana.
Receio da pressão quase que normalizada, seja em contexto profissional ou amador, acompanhada na maioria das vezes por injúrias, afastam os jovens desta carreira, que muitas vezes apresenta bons números no início das formações, mas que acaba com bem poucos a querer dar continuidade.
Pedro Luz referiu que existe até “um número considerável de inscritos nos cursos, mas depois o que se prende mais é com a retenção, ou seja, podemos ter um curso com 30 árbitros e ficam só cinco ou seis”.
A Associação de Futebol da Madeira (AFM), para combater este flagelo, lançou recentemente uma iniciativa pioneira no país, que permite que os árbitros que terminaram recentemente o curso utilizem nos jogos uma braçadeira a indicar que estão em formação.
“O que a AFM quer, assim como todos nós enquanto árbitros, é que esta mensagem passe para os pais e os faça entender que têm de ter mais alguma tolerância na questão do erro que vai ser inerente às funções daquele miúdo, porque está a começar, precisa de praticar, precisa de jogos para evoluir, e não é logo no primeiro, segundo ou terceiro jogo que vai sair tudo na perfeição”, sublinhou o presidente do NAFRAM.
Quanto à ausência de policiamento nos jogos da formação, Pedro Luz referiu que é preciso haver uma mudança de mentalidade, porque o “futebol de formação, tal como o próprio nome indica é para formar, por isso não são necessários determinados comportamentos que se vê em campo por não ter policiamento.”
O dirigente abordou ainda qual é nova medida implementada pela AFM que vai permitir a presença de polícia em alguns jogos e quais são os requisitos para o efeito, assim como de que forma o ambiente vivido nas bancadas pode transitar para dentro de campo, seja ele “mais agressivo, de protesto ou até mesmo de incentivo à violência.”