DNOTICIAS.PT
Eleições Presidenciais País

Justiça uniu Catarina Martins e Cotrim Figueiredo separados em tudo o resto

None
Foto DIOGO FARIA REIS/LUSA

Os candidatos presidenciais Catarina Martins e João Cotrim Figueiredo mostraram-se hoje preocupados com a falta de escrutínio no Ministério Público (MP), divergindo nos restantes temas, nomeadamente no investimento anunciado para a Defesa.

"Mais do que o abuso das escutas, que já seria em si preocupante, a mim preocupa-me que haja confusão entre a noção de autonomia e de total independência e a falta de escrutínio no MP", declarou Cotrim Figueiredo no frente-a-frente transmitido pela TVI.

Catarina Martins coincidiu com o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, defendendo que o procurador-geral da República "deve explicações ao país" na sequência da divulgação, pela revista Sábado, de um resumo de transcrições de escutas que envolvem o anterior primeiro-ministro António Costa no âmbito da 'Operação Influencer', investigação do MP sobre a instalação de um centro de dados em Sines, que levou à queda do Governo, em novembro de 2023.

"Tem de haver mecanismos, e cabe também à justiça provar que os tem, e acho que uma Presidente da República pode pelo menos incentivar a justiça claramente a fazê-lo, a provar que é capaz de ter mecanismos de escrutínio próprios e autónomos", acrescentou.

Para a candidata, "os sucessivos casos gravíssimos na justiça portuguesa" traduzem-se na "descredibilização das instituições e da democracia como um todo", uma ideia também advogada pelo ex-líder da IL.

"Estamos a dar asas àqueles que acham que a democracia está em crise, que há um dos pilares que está doente e que, portanto, todos os cidadãos têm razões para desconfiar da justiça. Esse era o pior serviço que podemos prestar. Portanto, impõe-se comunicação mais célere e mais clara por parte do MP", disse Cotrim.

No debate transmitido pela TVI, os dois eurodeputados divergiram sobre o papel da NATO, nomeadamente sobre o investimento em Defesa anunciado pelo Governo português, com a antiga líder bloquista a considerá-lo "absolutamente desequilibrado, desproporcionado e sem estratégia" e o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal a defini-lo como "necessário".

"Portugal tem que estar integrado [no esforço europeu de Defesa] e, nesse sentido, parece-me boa ideia", pontuou.

Os candidatos alongaram-se a falar sobre o conflito na Ucrânia, discordando em tudo exceto no facto de a Europa se ter demitido das suas responsabilidades até agora.

Com várias acusações de distorção de declarações à mistura, Cotrim Figueiredo disse, a propósito do papel do Estado, que a única candidata mulher na corrida a Belém anda "há anos" a encostar a IL "a quem quer favorecer os privados".

Os dois expuseram as suas visões diametralmente opostas sobre o papel do Estado, com o candidato liberal a considerar que este "ainda está em tanta coisa que não devia estar".

Catarina Martins mostrou-se contra a ideia de que o Estado pague a privados para assegurar a educação ou a saúde, defendendo que é preciso ter "serviços públicos capazes, eficientes e que respondam bem às pessoas".

As eleições presidenciais estão marcadas para 18 de janeiro de 2026.