Rússia condena à revelia a cinco anos de prisão fundadora do portal Meduza
A Justiça russa condenou hoje a cinco anos de prisão Galina Timchenko, fundadora do portal de notícias Meduza, bloqueado pelas autoridades de Moscovo desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
O tribunal acusou Timchenko de continuar a desenvolver atividades numa organização que, em 2023, foi declarada indesejável pela Procuradoria-Geral.
Timchenko, que trabalha há vários anos em Riga, capital da Letónia, já tinha sido declarada procurada pelo Ministério do Interior russo em maio passado.
Além disso, foi classificada como agente estrangeira por "difundir mensagens e informações de agentes estrangeiros a um círculo ilimitado de pessoas", por se expressar "contra a operação militar especial na Ucrânia" e por propagar "notícias falsas sobre as decisões e a política das autoridades russas".
As autoridades russas bloqueiam há anos o acesso ao portal em território russo, onde Timchenko fundou a Meduza em 2014, ano em que a Rússia iniciou o conflito com a Ucrânia ao anexar a península da Crimeia.
A lei das "organizações indesejáveis" foi aprovada em 2015 e confere à Procuradoria-Geral russa o direito de atribuir este estatuto a qualquer organização não-governamental internacional, se considerar que as atividades ameaçam "os fundamentos da ordem constitucional, a capacidade de defesa ou a segurança da Rússia".
O Ocidente tem condenado a lei, sublinhando que se trata de um instrumento de repressão para silenciar todas as vozes da oposição na Rússia, uma tendência que se agravou nos últimos quatro anos de guerra.