Rússia e China atacam EUA no Conselho de Segurança por acções contra Venezuela
A Rússia e a China condenaram hoje no Conselho de Segurança da ONU a pressão militar e económica exercida sobre a Venezuela pelos Estados Unidos, que alegaram estar a proteger o "seu hemisfério".
Após implantarem uma presença militar significativa nas Caraíbas a partir de agosto, os Estados Unidos anunciaram recentemente um bloqueio naval em torno da Venezuela, visando petroleiros que consideram estar sob sanções.
Donald Trump acusa o regime venezuelano de usar o petróleo, seu principal recurso, para financiar "narcoterrorismo, tráfico humano, assassinatos e raptos", o que Caracas nega, atribuindo as ações de Washington à intenção de derrubar o Presidente Nicolás Maduro para se apoderar das reservas de petróleo do país, as maiores do mundo.
O embaixador russo nas Nações Unidas, Vasily Nebenzia, afirmou na reunião de emergência no Conselho de Segurança sobre a Venezuela que as ações dos Estados Unidos "violam todas as normas fundamentais do direito internacional", constituindo "um ato flagrante de agressão".
"A responsabilidade de Washington evidencia-se também nas consequências catastróficas desta atitude de 'cowboy'", acrescentou o diplomata russo na reunião de emergência solicitada pela Venezuela, cujo regime é aliado de Moscovo.
Também o representante chinês, Sun Lei, manifestou a oposição do seu país "a todos os atos de unilateralismo e intimidação".
"A China (...) apoia todos os países na defesa da sua soberania e dignidade nacional", declarou.
Perante as críticas, o embaixador norte-americano Mike Waltz defendeu que Washington está a atuar para se proteger na sua região.
"Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para proteger o nosso hemisfério, as nossas fronteiras e o povo americano", retorquiu.
Waltz reiterou as acusações do Presidente norte-americano contra o líder venezuelano, afirmando que "Nicolás Maduro é um fugitivo procurado pela justiça americana e chefe da organização terrorista estrangeira, o Cartel dos Sóis".
O governo norte-americano aumentou recentemente para 50 milhões de dólares a recompensa por qualquer informação que leve à detenção de Maduro, um fiel aliado de Vladimir Putin, a quem apoiou totalmente desde os primeiros dias da invasão russa na Ucrânia.
A Assembleia Nacional da Venezuela, controlada pelos apoiantes chavistas, aprovou hoje uma lei para garantir o livre comércio e da navegação face ao que considera "pirataria" e ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos aos petroleiros sancionados.
A "lei para garantir a liberdade de navegação e de comércio face à pirataria, bloqueios e outros atos internacionais ilegais" foi proposta pouco depois de os Estados Unidos terem confiscado um segundo navio de carga transportando petróleo venezuelano no sábado.
Outro navio tinha sido apreendido a 10 de dezembro e um terceiro foi perseguido no domingo.
Nicolás Maduro classificou estas ações como "pirataria naval criminosa" e alega que o objetivo final de Washington é derrubá-lo.
O seu homólogo norte-americano, Donald Trump, instou-o entretanto a demitir-se.
Os Estados Unidos enviaram uma frota em grande escala para as Caraíbas, alegando inicialmente que o objetivo era combater o narcotráfico.
Trump, afirmou na segunda-feira que seria "sensato" Maduro abandonar o poder, e afirmou que os Estados Unidos vão apoderar-se do petróleo dos navios apreendidos nas últimas semanas e também das embarcações apresadas em operações visando as exportações petrolíferas do regime venezuelano.
Questionado sobre as suas declarações relativamente a intervenções em terra, além do mar, para conter o narcotráfico, Trump afirmou que se aplicam "a qualquer lugar de onde venham drogas, não apenas à Venezuela".
Os EUA afirmaram no domingo que mantêm uma "perseguição ativa" para intercetar um terceiro petroleiro perto da costa venezuelana.