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Direita espanhola ganha na Extremadura e PSOE sofre derrota histórica

María Guardiola, do Partido Popular.
María Guardiola, do Partido Popular.

O Partido Popular de Espanha (PP, direita) venceu as eleições de hoje na região espanhola da Extremadura, enquanto os socialistas, do primeiro-ministro Pedro Sánchez, tiveram o pior resultado de sempre nesta autonomia e a extrema-direita duplicou votos.

Quando estavam contados mais de 91% dos votos e já se previam poucas alterações no resultado final, o PP vencia com 42,96% e 29 deputados, mais um dos que tinha atualmente, mas aquém dos 33 necessários para uma maioria absoluta no parlamento autonómico da Extremadura.

Já o Partido Socialista (PSOE) tinha 25,87% dos votos e 18 deputados, menos cerca de 14 pontos percentuais e menos dez deputados do que conseguiu nas eleições anteriores, em maio de 2023.

Este é o pior resultado de sempre e uma derrota histórica do PSOE na Extremadura, região considerada um feudo socialista, que o partido governou em nove das 11 legislaturas autonómicas (sete delas com maioria absoluta) e em que só numas das eleições (as de 2011) não tinha sido o mais votado.

A terceira força mais votada hoje foi o Vox, de extrema-direita, com 17% dos votos e 11 deputados, nos dois casos mais do dobro da votação que teve em 2023 (8,13%) e dos eleitos há dois anos (cinco).

Nunca a direita e a extrema-direita tinham tido uma representação tão grande no parlamento da Extremadura, depois de terem em 2023 conseguido, pela primeira vez, superar o conjunto de todos os partidos de esquerda.

Além do PP, PSOE e Vox, mais um partido conseguiu eleger hoje deputados para o parlamento autonómico da Extremadura, a Unidas pela Extremadura, uma plataforma de forças à esquerda dos socialistas, que tinha 10,22% dos votos (mais 4,5 pontos percentuais do que em 2023) e sete deputados (mais três).

Estas eleições antecipadas na Extremadura, nas vésperas do Natal, foram convocadas no final de outubro pela presidente do governo autonómico desde 2023, María Guardiola, do PP, depois de ter visto chumbados os orçamentos para 2026 que enviou ao parlamento regional.

Guardiola, que se recandidatou, está à frente da Junta da Extremadura desde o verão de 2023. Nesse ano, o PSOE foi o mais votado e o PP o segundo, mas obtiveram o mesmo número de deputados (28), com um acordo com o Vox a ditar que seria a direita a ficar com o governo.

As eleições na Extremadura marcam o início do novo ciclo eleitoral em Espanha e a estas autonómicas seguir-se-ão outras em fevereiro de 2026 em Aragão, em março em Castela e Leão e em junho na Andaluzia; eleições municipais e regionais na maioria das regiões em maio de 2027 e, por fim, legislativas nacionais em julho do mesmo ano.

A importância destas eleições para as estruturas nacionais dos partidos ficou patente nos últimos dois meses e em todo o período de campanha eleitoral, em que houve presença assídua pouco habitual dos líderes na Extremadura, em diversas iniciativas, incluindo Pedro Sánchez.

As eleições de hoje coincidiram com um momento de crise e fragilidade do PSOE e de Pedro Sánchez, com dirigentes do partido envolvidos em suspeitas de corrupção e outros casos judiciais, assim com acusações de assédio sexual.

Um destes casos judiciais tem epicentro, precisamente, na Extremadura e como protagonista o candidato do PSOE nas eleições de domingo, Miguel Ángel Gallardo, que vai ser julgado em maio de 2026 com o irmão do primeiro-ministro, David Sánchez, por tráfico de influências.

Com pouco mais de um milhão de habitantes em 2024 e 41.635 quilómetros quadrados, a Extremdura, na fronteira com Portugal (com o Alentejo e a Beira Interior) é a quinta maior região autónoma de Espanha em superfície e, a par de Castela e Leão, a que tem menor densidade populacional (25,30 habitantes por quilómetro quadrado), fazendo parte da designada "Espanha vazia".

Estavam chamados a votar 80.985 eleitores, 30.610 dos quais estão recenseados no estrangeiro.