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Viagem do Papa está focada na unidade da cristandade e na paz

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Foto EPA

O presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização elogiou, ontem, a escolha da Turquia e do Líbano como destinos da primeira viagem do Papa Leão XIV, focada na "unidade e paz".

Comentando a viagem de Leão XIV, que tem início esta quinta-feira, Armando Domingues, que lidera a estrutura da Igreja Portuguesa para o diálogo inter-religioso e ecumenismo, disse ter um "olhar de esperança" sobre a iniciativa, porque os "objetivos são claros: promover a unidade da fé e promover a paz".

Na Turquia, Leão XIV vai celebrar os 1.700 anos do Concílio de Niceia, numa sessão ecuménica que contará com o patriarca de Constantinopla, líder espiritual dos ortodoxos, e no Líbano vai reunir-se com cristãos maronitas, muçulmanos e irá celebrar uma missa no porto de Beirute, palco de uma grande explosão em 2020.

"Toda aquela região foi o berço do cristianismo, um local onde nasceram várias correntes" e o "Papa sente que a unidade não é importante apenas dentro da Igreja Católica, mas num diálogo entre todos", principalmente num "sítio onde se cruzam tantas culturas".

No caso da Turquia, "a presença cristã é muito forte, mas a Igreja Católica e as comunidades católicas são reduzidas, até porque não são livres de construir igrejas ou até espaços culturais devido aos condicionalismos do país", exemplificou o também bispo de Angra do Heroísmo, Açores.

Depois, no Líbano, Leão XIV terá oportunidade de "mostrar a voz profética da Igreja neste tempo de guerra de que a paz é um bem supremo que temos de defender e construir", no seguimento dos discursos do seu curto pontificado.

"O Papa tem, desde o princípio, uma espécie de uma autoridade que se dissolve, enfatizando, de facto, a importância da reconciliação da unidade, da paz e que a prioridade da humanidade dos homens e das nações deveria ser sempre o ideal da paz".

No encontro com os ortodoxos, a guerra na Ucrânia estará presente, após as divisões entre os crentes ucranianos, apoiados por Constantinopla, e russos, apoiantes de Putin.

"A guerra mexe e transtorna as mentalidades e corações na Igreja Ortodoxa que está a sofrer tremendas consequências, divisões e separações", reconheceu o bispo português, que subscreve o "esforço de aproximação e de diálogo" feito pelo Papa.

No Médio Oriente, o Papa será confrontado com as perseguições aos cristãos numa área que era conhecida pela tolerância religiosa.

"Os tempos agora estão mais difíceis e mais desafiantes" para os cristãos, num "espaço que foi sempre de encontro entre religiões, mas também entre culturas e civilizações", pelo que cabe à Igreja trazer o discurso da tolerância e da abertura.

É essencial "promover todas as vozes que são de integração do diálogo intercultural, religioso", principalmente um país como o Líbano, que já foi considerado a "Suíça do Médio Oriente", devido à convivência de vários credos.