Quando a coragem substitui o medo

Em período eleitoral é tempo de alertar a cidadania, despertar a consciência do eleitorado e desejar que ao decidir a nossa opção, levemos na ponta da esferográfica a consciência plena de que sairá das nossas mãos o futuro da nossa autarquia ou freguesia. No próximo fim de semana os eleitores somos de novo chamados a eleger os Presidentes de Câmaras, Assembleias Municipais e de Freguesia. Muitos estarão na calha como já vem sendo hábito à espera de que o tacho lhes caia nas mãos, outros porém acham que temos que continuar a andar com eles às costas para que o sistema se mantenha intacto e por vezes até servem de montra para exposição do produto e há ainda os que se acham espertos e utilizam a ingenuidade de outros para conseguirem objetivos que não propriamente os daqueles que os elegem mas dos que os ajudam a subir as escadas do protagonismo e levantam-lhes o ego.

A política está cheia de oportunistas. Eles não defendem ideias, apenas interesses próprios. Mudam de posição conforme o vento, prometem o impossível, usam o povo como escada. Mas só conseguem espaço porque muitos de nós desistimos de votar, entregando a decisão a poucos. A abstenção é a maior aliada desses que não merecem representar ninguém.

É preciso entender: quando você não vota, não está “protestando”. Está dando um cheque em branco que chega para que outros escolham por você — e muitas vezes escolham justamente quem se aproveita da ingenuidade e da submissão do nosso humilde povo e vive da hipocrisia e da demagogia. Votar é uma forma de dizer: “meu futuro não será decidido nas mãos de oportunistas, vigaristas e corruptos”.

Também não basta votar como quem veste a camisa de um clube, porque um partido político não é um clube de futebol: temos por hábito catalogar ou dizer; tu és dum Partido, do PS, do BE, do CHIEGA, JPP ou do PSD, etc, quando na realidade deveríamos ser cidadãos apartidários e que temos opção livre de escolher diferentes forças partidárias, nada nos deverá impedir ou submeter a qualquer organização que nos limita a nossa liberdade. Fanatismo partidário não constrói nada; apenas fecha os olhos diante da corrupção, da incompetência ou da mentira. Porque havemos de consumir publicidade política como se de um produto de banal consumo se trate, quando na realidade é algo que mexe com o dia a dia das nossas vidas? Não existem partidos perfeitos, apesar de até alguns terem a capacidade de (engolir) outros, nem existem líderes intocáveis. O que existe é a responsabilidade de cada eleitor não ir no balão de promessas que deveriam sobre tudo de se transformarem em reais compromissos e analisar propostas, cobrar resultados e mudar de posição quando necessário.

Por detrás da cabine de voto regra geral o que nos acompanha será a nossa consciência, que corajosamente terá de enfrentar os medos de mudar. Seu voto tem mais poder do que parece. Ele pode derrubar oportunistas, abrir espaço para novas vozes e mostrar que a sociedade está atenta. No dia da eleição, não deixe que o receio impeça de manifestar aquilo que por vezes foi uma vontade, que o silêncio fale por si e demonstre realmente o sentido de liberdade. Use o voto como a arma mais legítima que a democracia nos dá — para proteger o presente e construir o futuro. Só assim conseguiremos fazer devolver a democracia aos cidadãos.

PS) Algum dos partidos que concorrem a estas eleições teve a coragem de explicar aos eleitores em que moldes se irá desenvolver este ato eleitoral? Ainda não ouvi ninguém a elucidar o eleitorado. Será um boletim branco para Assembleia de freguesia/Presidente da junta e a sua equipa. Um boletim amarelo para eleger os membros da Assembleia Municipal e um verde para eleger a presidência e os vereadores da Câmara Municipal do teu local de residência. Votar mais que um dever, tornou-se numa necessidade é imprescindível.

A. J. Ferreira