Foi criada uma nova mesquita em Santa Cruz?
Nesta quarta-feira, uma troca de declarações entre os deputados madeirenses do Chega e do Juntos Pelo Povo (JPP), com assento na Assembleia da República, gerou controvérsia em torno da presença da comunidade muçulmana na Madeira.
Tudo começou com Francisco Gomes, do Chega, a proferir declarações que davam a entender a alegada criação de um novo Centro Islâmico em Santa Cruz, as quais foram categoricamente refutadas por Filipe Sousa.
O deputado do Chega, eleito pela Madeira ao parlamento nacional, acusou "o JPP de ser o responsável pela entrada do islamismo na Madeira". Francisco Gomes afirma que "foi por culpa e decisão política do JPP que o Centro Cultural Islâmico já se instalou na Região, nomeadamente no Caminho da Terça, 112, em Santa Cruz, segundo registos públicos" a que o deputado diz ter tido acesso.
Deputado do Chega acusa "JPP de abrir a Madeira ao islamismo"
O deputado do Chega (CH) eleito pela Madeira à Assembleia da República acusou "o JPP de ser o responsável pela entrada do islamismo na Madeira. Francisco Gomes afirma que "foi por culpa e decisão política do JPP que o Centro Cultural Islâmico já se instalou na Região, nomeadamente no Caminho da Terça, 112, em Santa Cruz, segundo registos públicos" a que o deputado diz ter tido acesso.
Horas mais tarde, o Juntos Pelo Povo reagiu às declarações do deputado do Chega, Francisco Gomes, a quem acusou o partido de ter responsabilidades na abertura de uma mesquita em Santa Cruz.
Filipe Sousa, porta-voz do JPP, recordou ainda que "a única mesquita existente na Madeira foi inaugurada em 2009, em Santo Amaro, por Alberto João Jardim".
JPP repudia acusações do deputado do Chega sobre abertura de mesquita na Madeira
Francisco Gomes acusou o Juntos Pelo Povo de "abrir a Madeira ao islamismo"
Com o objectivo de esclarecer qualquer dúvida sobre a eventual existência de mais mesquitas na Madeira, o DIÁRIO contactou Orhan Simsek, administrador da Mesquita de Santo Amaro, no Funchal, e uma das figuras mais relevantes da comunidade muçulmana no arquipélago. Orhan explicou que a Mesquita de Santo Amaro "é a única" existente na Região Autónoma da Madeira.
Orhan Simsek aproveitou ainda para clarificar a situação em torno da alegada nova mesquita em Santa Cruz. "Trata-se apenas de uma associação que foi criada e que nada tem nada a ver com a mesquita que já existe. São pessoas residentes aqui na ilha, incluindo madeirenses e também estrangeiros, que decidiram criar essa associação de forma independente da nossa mesquita. Elas têm os seus próprios objectivos, que, na verdade, são muito futuristas, porque o que eles pretendem alcançar não será fácil de concretizar. O pensamento de ter uma nova mesquita é um sonho de algumas pessoas da comunidade, mas, sinceramente, é algo que neste momento não é possível realizar, pois não há condições financeiras nem estruturais para isso", sublinhou.
Não obstante, o responsável também deixou duras críticas à forma como o partido de extrema-direita tem abordado as questões relacionadas com a comunidade muçulmana. "É provocação. O que nós vemos é que o Chega trabalha apenas com o sistema deles. O único objectivo é provocar a comunidade muçulmana, não há outra agenda", afirmou, realçando que essas iniciativas do partido não se limitam à Madeira, mas acontecem em várias regiões de Portugal.
A maioria da nossa comunidade são empresários ou trabalhadores que contribuem para sectores essenciais, como construção e hotelaria. Sem eles, a economia da Madeira seria muito mais fraca. É isso que o Chega ignora. A política deles é apenas provocar, não mostrar o impacto positivo da nossa comunidade Orhan Simsek
Importa referir que de facto, existe um Centro Cultural Islâmico da Madeira e, conforme indica o próprio site, trata-se de uma associação recente, "oficialmente criada no dia 27 de Junho de 2025". Segundo a mesma publicação informa, o seu primeiro grande objectivo é "adquirir um terreno para construir a primeira grande mesquita da ilha, bem como uma madrassa, um cemitério islâmico e e de tudo o que é essencial para preservar e transmitir o legado do Islão na Região".
Para já, a associação conta apenas com quatro apoiantes mensais, evidenciando que o projecto ainda está numa fase inicial e longe de ser uma realidade consolidada.