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Conferência sobre ‘Os mestres violeiros madeirenses em Honolulu’ no Museu Quinta das Cruzes

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Foto Shutterstock

O Museu Quinta das Cruzes, no Funchal, acolhe, na próxima quarta-feira, dia 29 de Outubro, às 15 horas, uma conferência subordinada ao tema ‘Os mestres violeiros madeirenses em Honolulu - Do processo tradicional à inovação’.

Esta será a segunda conferência no âmbito projecto educativo e cultural, a desenvolver ao longo do presente ano lectivo 2025/ 2026 (a primeira foi realizada no passado dia 1 de Outubro de 2025). O projecto inclui ainda recitais musicais, às terças e quintas-feiras, e uma investigação baseada no arquivo do Dário de Notícias da Madeira (1960-1974), sobre os conjuntos musicais dos anos 60, na cidade do Funchal.

A conferência aborda a actividade profissional de três mestres madeirenses a trabalhar em Honolulu, capital das Ilhas do Havaí, a partir de 1879. Manuel Nunes, Augusto Dias e José do Espírito Santo foram os protagonistas da deslocalização da indústria de violaria da Madeira, para aquelas ilhas no Pacífico.

Coube a Manuel Nunes e Augusto Dias os papéis principais, na definição de um novo cordofone, resultado directo de dois instrumentos da tradição musical madeirense: o Rajão e o Braguinha.

O Ukulele, o instrumento nacional do Havaí, incorporou no seu processo de construção artesanal, as técnicas, ferramentas e nomenclaturas, para todas as suas fases bem como as peças necessárias, tal e qual os instrumentos construídos na Madeira.

Foi dessa forma que os mestres insulares replicaram no outro lado do mundo, a sua cultura e tradição. Com as suas mãos e mestria, na arte fina de trabalhar a madeira, os mestres madeirenses contribuíram não só para a construção do mencionado Ukulele como ainda, no caso de Manuel Nunes e do seu filho Leonardo Nunes, inovaram noutros instrumentos de corda dupla ou na ‘Steel Guitar’ (mais popularmente designada por Guitarra Havaiana).

Os contributos dos músicos July Paka, Ernest Kaai e Bill Tapia, cujos instrumentos foram construídos por Manuel Nunes e Augusto Dias, foram importantes na divulgação do nome dos mestres madeirenses fora do Havaí. Nos espectáculos por onde andaram, em cidades americanas referiram-se a Manuel Nunes ou a Augusto Dias, enquanto mestres violeiros estabelecidos no Havaí. Também Leonardo Nunes, um dos filhos de Manuel Nunes, que se mudou do Havaí para Los Angeles em 1913, levaria o nome da família bem como a qualidade dos seus instrumentos. A grande metrópole americana conhecia os designados ‘Ukuleles Originais com Garantia’, certificados através da marca de instrumentos registada como - M. Nunes & Sons.

No final será exibido um pequeno excerto de filme, que mostra o processo manual de construção de um Ukulele. Este documento visual, que data de 1917, foi produzido e realizado pela Ford Motor Company, do empresário americano Henry Ford. Filmado no Havaí, na oficina do Mestre Manuel Nunes, elucida em filme as diferentes fases da construção de um Ukulele, idênticas às de um Rajão ou Braguinha. O Mestre Manuel Nunes, surge no fim do documentário, a certificar o instrumento acabado de construir.