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Carris remete compra de cabos com alegadas irregularidades para administração anterior

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Foto Lusa

A Carris indicou hoje que o processo de aquisição do cabo do Elevador da Glória, a que uma investigação aponta irregularidades, ocorreu num mandato anterior ao do atual conselho de administração.

No relatório preliminar ao acidente do Elevador da Glória, que causou 16 mortos e cerca de duas dezenas de feridos, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) referiu que o cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória, e que cedeu no seu ponto de fixação da carruagem que descarrilou, não respeitava as especificações da Carris, nem estava certificado para uso em transporte de pessoas.

Cabo não respeitava especificações nem estava certificado para transporte de pessoas

O cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória e que cedeu no seu ponto de fixação da carruagem que descarrilou não respeitava as especificações da Carris, nem estava certificado para uso em transporte de pessoas.

Num comunicado, a Carris realçou que o relatório considera que "[...] não é possível neste momento afirmar se as desconformidades na utilização do cabo são ou não relevantes para o acidente" e esclareceu que o processo de aquisição dos cabos, "com alegadas inconformidades, que condicionaram todo o processo de substituição dos cabos, ocorreu em mandato anterior ao do presente conselho de administração".

"Sobre esta matéria, o conselho de administração da Carris desconhece a factualidade exposta" no Resumo das Constatações Relevantes até à Data sobre o cabo de tração/equilíbrio (nos pontos 2 a 5), sublinhou a transportadora, indicando que, "uma vez que o relatório refere o incumprimento de normativos em vigor na Carris, serão apuradas as respetivas responsabilidades".

Segundo o relatório, a que a agência Lusa teve hoje acesso, "o cabo instalado não estava conforme com a especificação" da Carris para utilização no ascensor da Glória, nem "estava certificado para utilização em instalações para o transporte de pessoas".

O GPIAAF acrescenta que o cabo "não era indicado para ser instalado com destorcedores nas suas extremidades, como é o sistema no ascensor da Glória (e no ascensor do Lavra)".

A investigação detetou falhas no processo de aquisição do cabo pela Carris e nos mecanismos internos de controlo desta empresa responsável pelos ascensores.

O acidente ocorrido com o elevador da Glória, em Lisboa, em 03 de setembro, causou 16 mortos e cerca de duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.