Pedro Diniz diz que é impossível não olhar para o PS "com tristeza, indignação e preocupação”
O socialista fez questão de referir que "o PS Madeira não chegou a este ponto apenas por causa de Paulo Cafôfo". Até porque, no seu entender, "seria demasiado simplista e injusto reduzir o problema a um nome"
Um dia depois das eleições autárquicas, o candidato do PS à Câmara Municipal de Santa Cruz, Pedro Diniz, diz que "é impossível não olhar para o estado actual do Partido Socialista da Madeira com um sentimento misto de tristeza, indignação e preocupação".
Tristeza, porque o PS foi, e deve continuar a ser, um dos pilares da democracia, da liberdade e da autonomia. Indignação, porque o caminho que se escolheu nos últimos anos foi um desvio perigoso, assente em erros estratégicos graves, em decisões centralizadas e num afastamento progressivo da realidade das pessoas. Preocupação, porque estamos, objectivamente, perante um partido que corre o risco de cair na irrelevância política regional e autárquica". Pedro Diniz
De recordar que em Santa Cruz, o PS caiu, tendo sido a quarta força política mais votada (7,49%), sendo ultrapassado pelo Chega.
Através de uma publicação feita na sua página de Facebook, o socialista referiu que "as autárquicas de 2021 foram o primeiro sinal claro de que a estratégia estava errada".
E explica: "Em vez de consolidar projectos locais onde o PS tinha vindo a crescer e afirmar-se como alternativa credível nos concelhos onde era oposição, optou-se por um caminho de abandono e descontinuidade, sacrificando equipas e candidatos que representavam o futuro".
Diz ainda que "a realidade fala por si: de todos os candidatos de 2021, apenas Sofia Canha, na Calheta, teve a coragem e o sentido de dever de se recandidatar".
"Todos os outros desapareceram", lamenta. E prossegue: "Não porque lhes faltasse capacidade, mas porque lhes faltou o apoio de uma estrutura que devia ter estado ao lado deles, e não contra eles. Mas esta reflexão não é apenas sobre o passado, é sobre responsabilidade".
No entanto, o socialista fez questão de referir que "o PS Madeira não chegou a este ponto apenas por causa de Paulo Cafôfo". Até porque, no seu entender, "seria demasiado simplista e injusto reduzir o problema a um nome".
"O que nos trouxe até aqui foi uma teia de interesses pessoais, oportunismos e jogos internos, que minaram a coesão e afastaram quem pensava de forma livre e independente", afirmou.
Foi o erro crasso de alguns que, por ambição pessoal, decidiram manipular a estrutura e forçaram um regresso que muitos sabiam que seria desastroso. Mas preferiram o conforto do poder interno à coragem da verdade. E agora? Onde estão esses mesmos que afundaram o partido? Fugiram? Esconderam-se, à espera de regressar como se nada tivesse acontecido? Ou estarão já a preparar o “novo ciclo”, como se fossem heróis da reconstrução de algo que eles próprios destruíram?". Pedro Diniz
De acordo com o candidato do PS à Câmara Municipal de Santa Cruz, "o Partido Socialista precisa, urgentemente, de reconstruir-se por dentro, com verdade, com humildade, com pessoas que sintam o partido no coração e não no currículo".
"Não com os de sempre, que se alternam nos lugares e nas conveniências, mas com quem quer verdadeiramente servir a causa pública e devolver ao PS o respeito e a confiança que o povo lhe retirou", acrescentou.
E garantiu: "Eu não desisto".