Chega quer enfermagem como profissão de desgaste rápido
O partido Chega apresentou um projecto de lei na Assembleia da República que visa reconhecer a enfermagem como profissão de desgaste rápido, permitindo assim a antecipação da idade de reforma para os 55 anos.
A iniciativa surge como resposta ao "elevado nível de desgaste físico, emocional e psicológico enfrentado pelos enfermeiros", uma realidade que, segundo o partido, foi exposta e agravada pela pandemia de covid-19.
O deputado Francisco Gomes, eleito pelo círculo eleitoral da Madeira, sublinhou que "é urgente adoptar medidas compensatórias para estes profissionais que têm a saúde e bem-estar afectados de forma crítica".
O projecto do Chega baseia-se em dados que mostram os impactos negativos da profissão. De acordo com um estudo do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), houve um aumento de 40% nos níveis de ansiedade dos enfermeiros durante a pandemia, mas apenas 1,4% procuraram apoio especializado. Francisco Gomes destacou que "os efeitos na saúde mental e física são absolutamente devastadores e exigem medidas concretas, como a redução da idade de reforma".
Outro argumento do projecto é o impacto dos turnos prolongados na integridade pessoal dos enfermeiros. O Chega ressalta que quem trabalha por turnos tem maior probabilidade de desenvolver problemas gastrointestinais, metabólicos, oncológicos e cardiovasculares. Além disso, o absentismo crescente na profissão tem levado a turnos de até 16 horas, um factor que agrava ainda mais o desgaste.
O projecto também aponta a complexidade da profissão de enfermagem, classificada no grau máximo das carreiras da função pública. O Chega propõe que a reforma sem penalizações seja concedida aos enfermeiros com 55 anos de idade e uma carreira contributiva mínima de 36 anos. Francisco Gomes reiterou que "esta medida não é apenas justa, mas necessária para garantir o bem-estar dos profissionais e a sustentabilidade da profissão".
A proposta do Chega reflecte reivindicações antigas da Ordem dos Enfermeiros e dos sindicatos da classe, que defendem a aposentação aos 55 anos devido ao risco e penosidade da profissão. "É fundamental reconhecer o enorme sacrifício físico e emocional que os enfermeiros enfrentam diariamente. Garantir a reforma antecipada é uma questão de justiça e de valorização do papel essencial que desempenham na saúde pública", concluiu Francisco Gomes.