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Os jovens merecem um lugar à mesa, um lugar na Madeira!

A geração com menos de 30 anos é aquela que se encontra menos representada na Assembleia Legislativa da Madeira

A Madeira, no próximo dia 26 de maio, sujeita-se a mais um escrutínio, mais uma volta para ver quem se senta na mesa das decisões. A questão que aqui se coloca é qual o lugar dos jovens na mesa dos adultos? Numa região onde a população mais jovem não se consegue estabelecer, será mesmo prudente não lhes dar um lugar à mesa?

Numa eleição onde são eleitos 47 deputados, a geração com menos de 30 anos é aquela que se encontra menos representada na Assembleia Legislativa da Madeira. O mesmo é verificado na Assembleia da República, onde apenas 8 em 230 deputados têm menos de 30 anos. Verifica-se, assim, uma tendência cada vez mais marcada pela sub-representação das novas gerações em lugares de decisão.

Tendo isto em consideração, como podemos pedir aos nossos jovens que votem em partidos políticos tradicionais? Como podemos pedir que se sintam representados em estruturas político-partidárias se não os ouvimos, se não damos a possibilidade de serem ouvidos e representados na mesa das decisões.

Existem dados que mostram, que desde 2011, ocorre uma diminuição da representação jovem na Assembleia da República, legislatura após legislatura. Na Madeira o cenário não é muito diferente, tendo nesta legislatura cessante, apenas 2 jovens num universo de 47 deputados, ou seja, 95,7% dos deputados à Assembleia Legislativa da Madeira não são jovens.

A questão que se coloca é a seguinte: porquê é que as Novas Gerações são aquelas que menos votam? E porquê que quando votam, votam em partidos que são apelidados como sendo anti-sistema, como revolucionários ou até mesmo extremistas?

Apenas podemos reverter este ciclo, se houver uma “frente comum” protagonizada por todos os partidos tradicionais, que dêem força às novas gerações, para que estas se façam representar nos lugares de decisão. Se tal não acontecer, perdemos todos. Perde a democracia, porque tem uma Nova Geração que, tendencialmente, não se sente representada pelos partidos políticos. Perdem os partidos do arco da governação que vão continuar dependentes de eleitores mais velhos, que inevitavelmente darão menos votos eleição após eleição. Perdem os agentes políticos, porque não compreendem que precisam do “voto útil” das Novas Gerações para “polir” a sua práxis, como de “pão para a boca”.

Para que isso aconteça é necessária a implementação de medidas pensadas por jovens e em prol dos jovens. Medidas como o programa arrendamento acessível, onde os jovens não tenham custos de arrendamento acima dos 30% do seu vencimento. Em

matérias de emprego, precisamos de reformar a administração pública regional, onde a idade média de um funcionário público na região ronda os 48 anos, para que com essa mesma reforma possamos ter uma geração mais qualificada a servir os madeirenses. Precisamos ainda renovar o propósito do Centro Internacional de Negócios da Madeira para que o mesmo permita desenvolver a economia madeirense e, assim, atrair e reter novos jovens qualificados. Ainda nesta vertente, devemos ter linhas de financiamento próprias para que os jovens recém-qualificados que queiram se estabelecer na Região o possam fazer, criando o seu próprio negócio/emprego.

Uma coisa é certa, só os jovens podem representar os jovens. Se na mesa das decisões políticas, das decisões que definem e planificam o futuro da Madeira não se encontra quase nenhum jovem, como podemos pedir que estes acreditem num futuro para a Madeira? Não há nenhum futuro que possa ser construído sem os jovens, porque os jovens são o futuro da Madeira.