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Plano de urbanização do Amparo – Sobe, sobe até rebentar

Referia o DN de 20 maio de 2001 que o Amparo é a nova zona de expansão da Cidade do Funchal. A CMF mandou já elaborar um plano de urbanização que contempla vários equipamentos colectivos: duas novas escolas, campos de jogos, muitos jardins. Aliás 40% dos 142 hectares abrangidos seriam zonas verdes. O Plano era delimitado a leste pelo bairro da Ajuda e da Nazaré, a norte pelo caminho de São Martinho, a oeste pela ribeira de São Martinho e a sul pelo oceano Atlântico o que se pode concluir que a Praia formosa estava incluído no plano.

Dizia o vereador da altura que: seria o desenvolvimento harmónico de uma efetiva capacidade de gestão urbanística e um planeamento contínuo. O plano era condicionado ao nível de domínio público hídrico, das linhas de água, das levadas, das pedreiras (?), da Defesa Nacional, do património edificado, do saneamento básico, da proteção radioelétrica, das linhas elétricas, da subestação elétrica, das vias de comunicação...

O novo núcleo teria uma dimensão populacional de 25 a 30.000 habitantes numa área de 142 hectares e os edifícios a construir terão no máximo 7 andares.

Em 7 de abril de 2008, o DN referia que o Plano do Amparo passava a 215 hectares, e que o teto dos prédios era de 12 andares. Mais se afirmava que para a requalificação do espaço entre o Amparo e a Praia Formosa, a CMF previa construir um parque urbano onde esteve previsto o campo do Marítimo.

Entre a levada dos Piornais e o Pico Da Cruz, a CMF também reservava uma vasta área onde seria construído um parque urbano de recreio e Lazer.

Após a discussão pública e numa reunião repleta de gente rica enquadrada pelo CDS, este parque desapareceu e passou a ser permitida construção de vivendas de luxo. A consulta à Defesa Nacional foi zero, apesar desta área estar na linha de fogo da artilharia do quartel.

Referia o vereador João Rodrigues, do urbanismo em 2008, que no PUA existiriam 14 mil metros quadrados para zonas verdes no Plano do Amparo.

O PUA de 2001 considerava 40% de zonas verdes numa área global do plano de 142000 metros quadrados ou seja 56000 m2. O plano de 2008 deixa de ter 40% de áreas verdes para ter cerca de 5%, o Município mudou de vereador mudou de dor passou a cimentador.

No PUA de 2008, aprovado só com votos do PSD, adicionava como coisas boas os equipamentos colectivos e sociais, um centro de saúde, um lar, um pavilhão gimnodesportivo, uma escola de ensino básico do terceiro ciclo e secundário, um centro infantil e creche.

Nem a gestão PSD, nem a gestão Confiança/ Mudança se preocupou sequer em garantir os terrenos, para estas obras que são da responsabilidade do governo.

A ligação prevista, no PUA, do caminho do Amparo à rua A Ver o Mar /e rua da Amoreira, na Nazaré foi esquecida.

Em Agosto de 2018, quando já cheirava a fumo de charuto, escrevi neste DN, um artigo sobre o Petróleo Verde do Dubai (não estava a pensar em diamantes) logo a 31 de outubro de 2018 houve o milagre das rosas, por unanimidade na CMF, foi aprovado a abertura da revisão do PUA.

Isto é do CDS ao BE, todos estiveram no lamaçal dos negócios, exceto a CDU que não tinha vereador e não entrou na dança da guita.

A revisão do Plano do Amparo aumentou a área de intervenção e aumento da área de construção, agora há suspeita de corrupção.

Vem agora o REOT (Relatório da Organização do Território), admitir que o PUA será novamente alterado para satisfazer os gulosos da construção civil, a banca, a especulação imobiliária. Servir os detentores dos vistos Gold.

Quanto às zonas verdes, vão pintar os prédios de verde? Em relação à saúde vão mandar para o hospital particular? Quanto aos lares, vão emigrar para outra zona e assim esquecer e deixar de ver aqueles que trabalharam uma vida inteira e irão morrer num lar manhoso para idosos.

As zonas de recreio e lazer deixam de precisar de espaço ficam nos espaços comerciais onde se brinca pela internet, come-se hambúrgueres e digitaliza-se o pensamento.

O poder económico domina tudo. É o chefe da decisão. Tudo dentro da lei, com impostos todos pagos na zona franca… e notas em envelopes.

São todos uns anjinhos, já não precisam da Capela da Ajuda e do Amparo para rezar!

É necessário ser sério, isto é uma pouca vergonha é a negociata organizada dos anafados do dinheiro que dão ordens ao poder político. Até quando?