Estudantes internacionais: obstáculos pouco discutidos
Com o início do novo ano letivo, muitos estudantes internacionais, especialmente dos PALOP, enfrentam desafios ao ingressar no ensino superior, tanto em Portugal continental quanto na Madeira. Apesar dos esforços das universidades para promover a integração, estes
estudantes deparam-se com dificuldades que vão além da adaptação cultural e linguística, como a falta de apoios financeiros e institucionais, agravada pelo elevado custo de vida.
Os estudantes dos PALOP, os mais representativos na UMa, chegam frequentemente a
Portugal com recursos financeiros limitados. Embora existam alguns apoios sociais, estes são, na maioria das vezes, insuficientes para cobrir despesas essenciais como o alojamento, a alimentação e os transportes. Na Madeira, estes obstáculos são ainda mais acentuados devido ao isolamento geográfico da região, que implica custos adicionais e um acesso mais restrito a redes de apoio. Muitos estudantes relatam dificuldades na obtenção de alojamento acessível e na busca por apoio financeiro ou institucional. Para lidar com essas barreiras, alguns são forçados a trabalhar em regime parcial, integral ou a viver em concelhos distantes, sem estruturas familiares, o que pode afetar a sua qualidade de vida e os seus estudos.
A falta de uma rede de apoio adequada agrava o sentimento de isolamento entre os
estudantes internacionais, dificultando a sua adaptação e permanência no país. Além disso, muitos enfrentam problemas em aceder a oportunidades de trabalho, o que compromete a sua estabilidade financeira. A falta de comunicação clara e de apoio personalizado por parte dos responsáveis universitários também contribui para frustrações, prejudicando tanto o seu percurso académico quanto a integração social.
A Madeira, devido às suas características geográficas, oferece menos infraestruturas de apoio do que outras regiões, o que aumenta os desafios para o estudante. A ausência de programas de integração eficazes, que abordam questões como o alojamento, a alimentação e o bem-estar emocional, é uma das principais críticas feitas por esta comunidade. Sem um suporte adequado, muitos acabam por ver a sua experiência académica e social comprometida.
Neste cenário, é essencial que as universidades e associações estudantis, em conjunto com os novos programas de apoio, como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), intensifiquem os seus esforços para apoiar os estudantes internacionais. É fundamental a criação de programas de integração específicos que abordem as suas necessidades financeiras, emocionais e sociais. Além disso, é necessário garantir uma comunicação mais clara e uma coordenação mais eficaz, de modo a minimizar as dificuldades burocráticas que os estudantes enfrentam, como a matrícula e o acesso a apoios financeiros.
A diversidade da comunidade estudantil deve ser encarada como uma oportunidade para fortalecer os laços culturais e internacionais. Para isso, as instituições de ensino superior precisam de se comprometer de forma mais clara e sólida com a inclusão de todos os estudantes, independentemente da sua origem ou condição financeira. Oferecer uma experiência académica de qualidade, sem que os estudantes estejam sobrecarregados por dificuldades financeiras ou burocráticas, deve ser uma prioridade.
Em 2024, espera-se que o acolhimento e a integração dos estudantes internacionais, dos
PALOP e de outras comunidades, sejam melhorados. A criação de redes de apoio mais robustas e a oferta de apoios financeiros adequados são fundamentais para garantir o bem-estar e o sucesso destes estudantes, permitindo-lhes participar plenamente da vida académica.