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Teleférico do Curral: PSD, CDS e PAN garantem avanço

Na passada semana, o Bloco de Esquerda propôs na Assembleia, que o Governo revertesse a construção de um sistema de teleféricos, de um parque de aventura e de um zip line e respetivas instalações, na Freguesia do Curral das Freiras. Esta Freguesia possui um património natural e geológico, únicos no mundo, que importa preservar, para além das espécies de aves protegidas que aqui nidificam. Este património está integrado em zona de paisagem protegida do Parque Natural da Madeira, e da Rede Natura 2000, não podendo existir intervenções que o coloquem em risco. O facto do principal impulsionador deste Projeto ser o Presidente do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza da Madeira, cujo organismo regional que tutela, ter a obrigação de garantir a preservação e conservação da biodiversidade e do património natural do arquipélago, é suficientemente grave para que fosse obrigado a demitir-se do cargo que ocupa.

Aquando da consulta pública prévia efetuada, e que teve a participação de quase meio milhar de pessoas e Organizações, apenas uma entidade manifestou a sua concordância com o projeto, tendo a opinião dos restantes participantes sido ignorada pelo governo regional.

A concessão a privados da exploração daquele empreendimento, por meio século, com a possibilidade de prorrogar a exploração por mais dez anos, por uns míseros dois mil euros mensais é quase uma borla à entidade ‘cocontratante’ com um encaixe financeiro, para os cofres da Região, irrisório.

Não deixa de ser caricato que o PAN tenha mudado de opinião relativamente a esta construção megalómana que promete descaracterizar a paisagem natural única desta zona da Madeira, que tem pouca intervenção humana, quando antes das últimas eleições regionais garantiam que não era aceitável que esta infraestrutura fosse em frente e que, o que era necessário, era garantir melhores condições para a população residente, nomeadamente ao nível de acessibilidades e de uma rede de transportes públicos como forma de combater o isolamento das populações.

Esta postura, na altura sensata, deu lugar a uma postura de aceitação daquilo que anteriormente acreditavam tratar-se de um atentado ambiental e uma ameaça às espécies protegidas que vivem naquele vale, algumas em vias de extinção. Embalado por ‘uma espécie de estudo de impacto ambiental’, pouco credível - por ter sido mandado fazer pela entidade promotora do Projeto -, e apesar de existir apenas uma opinião favorável ao mesmo, em sede de consulta pública, o Governo Regional do PSD/CDS/PAN, avançou com o contrato de concessão, estando eminente o início da construção do referido sistema de teleféricos, fazendo ‘orelhas moucas’ a todas as vozes discordantes e às diversas alegações aduzidas aquando da consulta pública.

Apesar da insistência de vários partidos, pessoas e Organizações, o PSD-CDS-PAN, com a abstenção da extrema-direita, rejeitaram a reversão do Projeto proposto pelo Bloco de Esquerda. Uma atitude de teimosia que responde aos interesses do lucro das entidades privadas e descura absolutamente o interesse público, a defesa dos animais e do património natural ali existente.