Comunidades Madeira

Quem ficou na Venezuela gosta de receber madeirenses que lá vão

Necessidades por que passam alguns emigrantes foram realçadas

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Foto: Miguel Espada/Aspress

Na perspectiva de quem decidiu ficar na Venezuela, apesar de todas as dificuldades que marcam o dia-a-dia daquele país, muitas são as carências sentidas. Aleixo Vieira não tem dúvidas de que "a Venezuela é um país de inclusão", razão que levou muitos emigrantes a não querer regressam, mesmo perante os constrangimentos que têm sido relatados. 

Além dos bens materiais que escasseiam, muitos dos oradores que participam, esta manhã, na tertúlia ‘Venezuela e Ribeira Brava: Separados pelo oceano, unidos pelo coração’, promovida pelo DIÁRIO, no âmbito da 12.ª edição da Festa Luso-Venezuelana, reivindicam melhores ligações áreas com Portugal, e particularmente com a Madeira. 

Sobre o anunciado voo charter, já várias vezes 'confirmado' mas sempre adiado, Aleixo Vieira atribuiu responsabilidades à sua não realização à empresa promotora do mesmo. 

Mas quem ficou pede, também, que os madeirenses, nomeadamente os políticos, não deixem de visitar a comunidade, pois essas visitas são uma forma de manter viva a ligação com a Madeira e alimentar a "esperança" de que a situação vai melhorar. 

Referindo-se à sua experiência das visitas que fez à Venezuela enquanto presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava, Ricardo Nascimento recordou a forma como sempre foi bem recebido e o carinho demonstrado, reforçando que essa ligação, por via dessas visitas, não podem deixar de acontecer, pois, no seu entender, é a forma que temos de retribuir o apoio que os emigrantes têm dado à Região ao longo dos tempos. 

Nesse âmbito, o ex-autarca relembrou "não podemos esquecer que o primeiro centro de saúde que a Ribeira Brava teve foi com donativos dos emigrantes que partiram para a Venezuela", ao mesmo tempo que recordou o importante apoio de emigrantes para a recuperação da igreja matriz da localidade, bem como para a construção do campo de futebol local. 

Já na opinião do jornalista do DIÁRIO, Victor Hugo, “o pouco é muito para a Venezuela”, dando o exemplo dos cinco mil euros que foram, há bem pouco tempo, entregues a uma associação venezuelana pelo Governo Regional, através da Direcção Regional das Comunidade e Cooperação Externa. 

Da plateia, foram várias as intervenções que apelaram à conjugação de esforços com vista a uma melhor integração dos emigrantes que decidem regressar à sua terra natal ou onde têm as suas raízes, com a questão do reconhecimento de alguns cursos a ser enfatizada, mas também o ensino da língua e o reforço de algumas tradições, nomeadamente o basebol. 

Entre a assistência, Carlos Fernandes, lusovenezuelano que esteve no parlamento madeirense como deputado da maioria PSD/CDS, recordou os constrangimentos diplomáticos que urge ultrapassar, de modo que os seus conterrâneos não encontrem tantas dificuldades quando estão fora do país, nomeadamente no que respeita aos passaportes e à cédula de identidade.  

A par disso, não perdeu a oportunidade para enumerar alguns dos apoios disponibilizados pelo Governo Regional para a comunidade venezuelana que reside na Madeira, nomeadamente no que toca ao ensino ou à saúde.  Por isso, realçou que a Madeira “tem sido uma terra de oportunidades”.