A Guerra Mundo

Kiev afirma que contraofensiva atingiu primeira linha defensiva russa na frente sul

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Foto DN

As forças ucranianas reivindicaram hoje ter atingido a primeira linha defensiva da Rússia na frente sul, no âmbito da contraofensiva que procura chegar ao litoral e isolar a península da Crimeia ocupada por Moscovo.

O subcomandante das forças ucranianas no sul do país, Serguí Kuzmin, destacou hoje que as suas tropas avançaram várias centenas de metros perto da estratégica aldeia de Robotyne, no coração da região de Zaporijia.

"Chegamos à linha de frente dos ocupantes. A linha de frente é muito difícil, mas os nossos soldados estão a avançar", garantiu, de acordo com o diário Ukrainska Pravda, citado pela agência de notícias Efe.

Kuzmin sublinhou que estas operações têm como alvo a cidade de Melitopol, cuja captura abriria caminho para os ucranianos atingirem o mar de Azov.

"Estamos a avançar, embora esse avanço seja retardado pelos campos minados e pela falta de aviação", realçou.

O militar destacou também que as forças de Kiev estão a avançar para o porto de Berdyansk, região importante para interromper o corredor terrestre entre o Donbass e a Crimeia.

Outro dos objetivos é obter o controlo de Energodar, cidade nas proximidades da qual está localizada a maior central nuclear da Europa.

Também hoje, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky assegurou que "todas as atenções" estão focadas na contraofensiva.

Zelensky adiantou, numa mensagem através da redes social Telegram, que discutiu numa reunião com o alto comando do Exército os próximos passos, as reservas militares e as ações do inimigo.

A contraofensiva iniciada em 04 de junho tem como aliado o bom tempo de verão, mas a aproximação da época chuvosa faz temer que as operações venham a enfrentar uma contrariedade adicional.

O principal assessor da presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak, defendeu hoje o andamento da contraofensiva, perante as questões e as críticas levantadas, lembrando que antes da invasão russa da Ucrânia, as principais potências internacionais "temiam histericamente" as Forças Armadas russas, e nem imaginavam que a guerra poderia ser "lutada de forma eficaz".

"Todos devem ter paciência e acompanhar de perto o trabalho de alta qualidade das Forças Armadas ucranianas", apontou Podoliak através da rede social X (antigo Twitter).

Podoliak frisou ainda que depois da Ucrânia obter sucesso com a contraofensiva "a Rússia deixará de existir como ameaça militar (...) pelo menos para a Ucrânia e para a Europa".

Do lado dos aliados, a Ucrânia também recebeu boas notícias, com o Presidente dos Estados Unidos Joe Biden a dar 'luz verde' para o arranque imediato da formação dos pilotos ucranianos para o uso dos aviões de combate F-16.

A porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, confirmou a informação e adiantou que a Dinamarca e os Países Baixos são os países que têm demonstrado maior interesse na formação.

Kiev defende que os aviões são essenciais para poder atacar posições defensivas russas, mas também as cadeias logísticas na retaguarda.

Por outro lado, a fabricante de armas alemã Rheinmetall comprou 50 tanques Leopard 1 da empresa belga OIP Land Systems.

O jornal alemão Handelsblatt especificou que a Rheinmetall irá consertar estes tanques de combate na sua fábrica em Dusseldorf, entregando depois 30 destes Leopards a Kiev. Já a agência Deutsche Welle apontou para a entrega de 25 tanques.

Sobre o equipamento militar já entregue pelo Ocidente, o jornal "The Wall Street Journal" destacou hoje que as munições de fragmentação (cluster) dos EUA, que chegaram à Ucrânia em meados de julho, estão a desempenhar um papel fundamental na contraofensiva.

De resto, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, acusou hoje Washington de cometer um "crime de guerra" ao ceder armas proibidas.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.