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Presidente dos EUA considera governo israelita "extremista", mas mantém apoio ao país

Foto Stefani Reynolds / AFP
Foto Stefani Reynolds / AFP

O Presidente dos Estados Unidos da América considera, em entrevista à CNN que será exibida hoje, que o atual governo israelita é "um dos mais extremistas" de que se recorda, mas mantém o apoio de Washington a Israel.

Em entrevista à CNN, da qual o jornal "Times of Israel" obteve extratos, Joe Biden acusa os ultranacionalistas que atualmente suportam o governo de Telavive, liderado por Benjamin Netanyahu, de serem "parte do problema" do conflito israelo-palestiniano, por aprovarem a instalação de colonos judeus "onde lhes apetece".

O partido de Netahyahu, o Likud, de direita, governa Israel com o apoio dos ultraortodoxos e da extrema-direita. "Netanyahu continua a tentar averiguar como resolver os problemas que tem dentro da coligação", nota Biden, numa dura e rara crítica ao aliado. "Só espero que 'Bibi' [nome por que é conhecido Netanyahu] tenha moderação nos seus planos de reforma", apela. Biden já há uns meses havia criticado a polémica reforma judicial proposta pelo primeiro-ministro israelita, objeto de duras críticas da oposição, que a vê como um ataque contra a separação de poderes.

Os israelitas têm feito manifestações semanais contra a reforma judicial. No sábado, dezenas de milhares de pessoas saíram à rua em todo o país e foi convocado um "dia de resistência" para terça-feira. O governo tenciona votar, em primeira instância plenária, na segunda-feira, o projeto de lei que faz parte do polémico pacote que, segundo os críticos, enfraqueceria a independência da justiça e as bases democráticas formais de Israel. Se aprovado na primeira apreciação, o documento deve passar as próximas semanas em votações nas duas instâncias subsequentes, para ser aprovado definitivamente. A lei eliminaria a "doutrina da razoabilidade", que permite que o Tribunal Supremo reveja e anule decisões executivas.

Por outro lado, Biden sublinha, na mesma entrevista, que os Estados Unidos continuarão a ser um "apoiante inflexível de Israel". O Presidente norte-americano reiterou o apoio de Washington à solução da criação de dois Estados independentes (Israel e Palestina) e lamentou que a Autoridade Palestiniana tenha perdido "credibilidade", abrindo caminho ao "extremismo" e acolhendo atualmente elementos "tão radicais" como os que fazem parte do atual governo israelita.