Madeira

Filipe Sousa afirma que não vai entregar gestão da água de Santa Cruz à ARM

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O presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz considera que, já há largos meses, está em curso uma guerra que o Governo Regional da Madeira resolveu declarar a Santa Cruz. Para tal, afirma que a água potável está a ser utilizada como arma. Filipe Sousa tece, novamente, duras críticas ao executivo liderado por Miguel Albuquerque no seu 'Ponto de Ordem' de hoje, texto que habitualmente publica ao domingo.

O autarca afiança que, nos últimos dez anos, têm existido muitas guerras entre o executivo JPP e o Governo Regional, liderado pelo PSD, "que ainda não aceitou as escolhas que democraticamente foram feitas pelo povo de Santa Cruz". 

"Essa ofensiva contribuiu para limitar o abastecimento de água potável em alta, desde a galeria do Porto Novo em Gaula, para o subsistema da Freguesia da Camacha. Como consequência, veio criar fortes constrangimentos no abastecimento de água potável a uma boa parte da população da Camacha, Gaula e Caniço", considera o presidente da CMSC. 

Ou seja, neste momento temos um Governo que utiliza um bem essencial à sobrevivência humana, que é a água, para pressionar os actuais responsáveis autárquicos de Santa Cruz a ceder na entrega da gestão em baixa à ARM, empresa pública que parece ser mais importante do que o bem estar de uma população à qual o Governo deve servir em moldes de justiça e igualdade.   Filipe Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz

Posto isto, o autarca tece uma comparação, indicando que tal "faz lembrar a ofensiva que o regime ditatorial da Rússia está a exercer sobre o regime democrático Ucraniano". Por isso, promete não ceder: "nunca iremos permitir tais interferências e nunca iremos entregar essa gestão ao Governo Regional".

Para que a população de Santa Cruz perceba bem esta deliberada ofensiva, reafirmo que o consumo de água aumentou 13% neste ano de 2023, o que aconteceu no Funchal, Santa Cruz e Machico. Deixo uma pergunta: porque só faltou a água e Santa Cruz? Lembro que a gestão do Município do Funchal é do PSD/CDS e que em Machico a gestão da água em baixa é feita pelo Governo Regional, através da ARM. Sendo certo que em Machico existem muito mais perdas do que em Santa Cruz. Filipe Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz

Filipe Sousa admite que, desde 2018, a autarquia está a levar a cabo um sério trabalho de combate às perdas de água e renovação da rede de abastecimento. "Desde logo, desenvolvemos um estudo/projeto sobre o comportamento das nossas redes, isto é, de todo o nosso sistema hidráulico de abastecimento de água em baixa. Este trabalho ficou concluído em Maio do ano de 2018 e a partir daí iniciamos, de forma criteriosa e planeada, um conjunto de investimento num valor superior a 3 milhões de euros", explica.

Deixa, por isso, alguns exemplos: combate às perdas de água na zona piloto Gaula, que permitiu uma redução de 67% do caudal mínimo nocturno – passou de 60 mil m3/h para 20 mil m3/h, representando uma poupança anual de 100 mil euros; renovação de várias redes nas cinco freguesias do concelho; implementação de telegestão nos reservatórios de água potável; criámos todas as condições para ser o município de Santa Cruz a fornecer água em baixa ao aeroporto internacional da Madeira; implementação de um plano de curto prazo, com instalação e recalibração de VRP`S, em execução; eliminação da totalidade da rede em fibrocimento (1,5km); execução da Rede das Águas Mansas, em concurso e vai permitir reforço do abastecimento nas zonas altas de Santa Cruz e Gaula; execução da rede das Figueirinhas – Camacha.

"Muito investimento e muitos milhões serão ainda necessários nesta área. É isso que vamos continuar a fazer com um grande esforço financeiro do orçamento municipal, já que o  Governo Regional continua empenhado em realizar contratos programas unicamente com os municípios da sua área política, atropelando vergonhosamente o seu dever de imparcialidade e o dever de governar para todos os madeirenses", termina.