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Protecção Civil garante que meios de combate a incêndios não serão desviados para o JMJ

Foto Carlos Pimentel/Global Imagens
Foto Carlos Pimentel/Global Imagens

A Proteção Civil garantiu hoje que não vai existir desvio de meios do combate aos incêndios florestais para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que terá um dispositivo de proteção e socorro "distinto e separado" dos fogos.

"Os dispositivos são separados", disse o comandante nacional de emergência e proteção civil, André Fernandes, em entrevista à agência Lusa, sobre o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios a Rurais (DECIR), que está no nível máximo de empenhamento, e os meios da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) mobilizados para a JMJ.

André Fernandes explicou que os meios alocados ao DECIR, que conta atualmente com cerca de 14.000 operacionais de diferentes entidades, são "independentes" e "diferentes" do efetivo mobilizado para a JMJ.

"Não há aqui uma transição de meios de um lado para outro, são dispositivos independentes. Em caso de necessidade, podem, obviamente, dar apoio um ao outro, mas não é isso que nós prevemos", disse.

O comandante nacional assegurou que são dispositivos "completamente diferentes e distintos", estando cada um empenhado nas suas áreas de atuação.

"Cada um tem a sua missão e especificidade e, portanto, não há aqui problema de um dispositivo tirar meios a outro", frisou, acrescentando que o DECIR "já está instalado" e o outro dispositivo vai ser "instalado com missões que não concorrem uma com a outra e são separados.

O dispositivo especial de proteção e socorro que a ANEPC montou para a JMJ vai começar na segunda-feira com cerca de 800 operacionais e termina a 10 de Agosto. Terá diferentes níveis de empenhamento de meios ao atingir a capacidade máxima nos dias 05 e 06 de agosto com 2.500 bombeiros e 640 veículos.

André Fernandes disse que a ANEPC não tem receios, estando a Proteção Civil a trabalhar perante vários cenários e o pior deles seria um acidente com várias vítimas.

"É aquilo que não queremos que aconteça, isso [acidente com várias vítimas] será sempre o pior cenário, porque socorrer muita gente ao mesmo tempo acaba sempre por ser um desafio", afirmou, dando alguns conselhos aos peregrinos, nomeadamente que tenham atenção à condução e que evitem desidratações ou insolações.

André Fernandes recomendou aos motoristas dos milhares de autocarros para que cumpram com os tempos de descanso para "evitar e minimizar ao máximo aquilo que são os acidentes rodoviários", que é uma das preocupações da ANEPC, seguida dos eventuais danos provocados pelo calor e sol.

"A hidratação é importante. É importante que as pessoas se hidratem para evitar os golpes de calor e as desidratações ou insolações", disse.

O mesmo responsável disse também ser "expectável que o maior número de ocorrências que vão existir é no âmbito da emergência pré-hospitalar ou emergência médica".

Questionado sobre as comunicações de emergência e numa eventual falha, André Fernandes afirmou que "há um reforço" e "um plano próprio".

"Naquilo que são as comunicações de emergência, temos os 'backups' e os próprios planos que preveem e minimizam ao máximo a falta de comunicações. Não é expectável que existam e, se existir algum engarrafamento na rede, temos os planos de apoio e de reforço às comunicações de emergência", garantiu.

O comandante nacional afirmou que a JMJ, que vai contar com milhares de peregrinos e com a visita do Papa Francisco a Lisboa e Fátima na primeira semana de agosto, é o maior evento que se vai realizar em Portugal, sendo o plano da ANEPC tratado nessa perspetiva e feito com base na orientação e coordenação do Sistema de Segurança Interna.

 Mobilização pode chegar até 2.500 bombeiros 

A Proteção Civil montou um dispositivo especial de proteção e socorro para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que envolverá meios de todo o país e estará na capacidade máxima em 5 e 6 de Agosto com 2.500 bombeiros, com o plano delineado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) para a JMJ a ter níveis "amarelo, laranja e vermelho" de envolvimento de meios, que serão acionados de acordo com os recursos.

"Este plano prevê exatamente uma flexibilidade de três níveis, amarelo, laranja e vermelho. Um, dois e três em que há mais ou menos recursos consoante o nível em que estamos. Há um primeiro nível que começa no dia 24 de Julho e acaba no dia 28 de Julho, que terá menos meios afetos. Depois temos um nível dois que começa no dia 29 de Julho e termina no dia 31 de Julho. A partir do dia 1 [de Agosto] e até ao dia 6 é quando temos o maior número de meios envolvidos, sendo que o maior número de meios será nos dias 5 e 6, com cerca de 2500 operacionais", precisou André Fernandes.

A JMJ começa em Lisboa em 01 de agosto e o papa Francisco chega no dia seguinte, mas o dispositivo da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) começa na segunda-feira com cerca de 800 operacionais e termina em 10 de Agosto com diferentes níveis de empenhamento de meios, que terá a capacidade máxima a 5 e 6 de Agosto com 640 veículos, para além dos 2.500 bombeiros.

O comandante da ANEPC avançou que inicialmente o dispositivo terá um âmbito nacional e será vocacionado para as principais vias rodoviárias e ferroviárias, sendo dedicado às movimentações dos peregrinos que se deslocam no país e com o objetivo de prestar "um socorro mais rápido e célere" caso exista algum acidente.

Além deste dispositivo dedicado às "movimentações pendulares dos peregrinos", os meios da Proteção Civil vão estar nos diferentes eventos que vão acontecer no âmbito da JMJ e nas cerimónias em que o papa Francisco vai participar, em Lisboa e Fátima.

André Fernandes sublinhou que existirá um "dispositivo próprio e dedicado" a cada evento para apoiar os peregrinos no âmbito da emergência pré-hospitalar e "em coordenação e cooperação" com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

O comandante da ANEPC lembrou que podem também ocorrer incêndios urbanos e outras ocorrências em que este dispositivo "também está pronto a atuar para fazer o socorro necessário".

A maioria dos operacionais envolvidos são dos corpos de bombeiros voluntários, mas incluem também os profissionais, como é o caso dos Sapadores de Lisboa, sendo a maior parte dos meios da região de Lisboa e Vale do Tejo e de Fátima, mas vai existir um reforço de diferentes regiões do país.

"As corporações de Lisboa e Vale do Tejo vão estar envolvidas diretamente, até porque a maioria delas tem eventos na sua área de atuação. E depois há um reforço nacional das diferentes regiões", afirmou, garantindo que está tudo assegurado do ponto de vista logístico para os bombeiros que se deslocam para a Lisboa durante a JMJ.

Sobre as críticas da Liga dos Bombeiros Portugueses, que se queixa não ter sido ouvida pela ANEPC sobre o dispositivo para a JMJ, o comandante nacional afirmou que as associações humanitárias foram contactadas diretamente.

"Quando a Proteção Civil necessita de criar um dispositivo, não só para a JMJ, mas para outro qualquer evento, há um contacto direto. Os comandos sub-regionais têm essa premissa conforme está previsto na lei. Fazem uma articulação direta, há um levantamento de capacidades, há a elaboração das ordens de operações e instituído o dispositivo", sustentou.

André Fernandes deu conta de que existiu um levantamento das disponibilidades que as associações e os corpos de bombeiros dispõem e a partir daí foi construído o dispositivo.

"Houve de facto um empenhamento dos comandos sub-regionais, que contactaram e falaram com cada associação humanitária e com cada corpo de bombeiro da sua sub-região, com especial destaque para Lisboa e Vale do Tejo, para fazer um levantamento de capacidade", disse, destacando que, nesta fase final, as corporações de bombeiros têm acesso à ordem de operações e sabem "onde têm de estar, em que dias, qual o horário e que meios vão estar envolvidos".