Crónicas

O Dia da Criança

Foi instituído pela ONU. “Todas as crianças têm direito a afecto, amor e compreensão, alimentação adequada, cuidados médicos, educação gratuita, protecção contra todas as formas de exploração e a crescer num clima de paz e fraternidade”, anunciou na circunstância.

Assistia às notícias e vi cena que não queria ver. Gritos estridentes de miúdos correndo para um abrigo perante a ameaça de bombas ou drones ou lá o que fosse que estava para cair. A reportagem era de Kiev, durante o dia, as sirenes tocavam, os presentes fugiam, os mais pequenos gritavam desesperados.

Cada grito era uma dor. Profunda, arrepiante. Não há direito. Criança não pertence à guerra. A nenhuma. Mas há quem não queira saber. E comete contra elas crimes hediondos com a indiferença monstruosa das aberrações.

Segundo números da Unicef, na Ucrânia já morreram 438 meninos ou meninas inocentes, 854 ficaram feridos e 3,4 milhões precisam de ajuda humanitária. Sofreram um ano de violência, trauma, perda, destruição e deslocamento.

Por todo o lado estão a morrer crianças, de fome, abandonadas, por causa de outras guerras, dir-me-ão. É a triste verdade que nos ensombra e envergonha. Por culpa da incúria humana, do desleixo criminoso e, sobretudo, do abominável carácter de determinados líderes insanos, responsáveis por guerras escusadas que a ambição tresloucada potencia.

Só porque não posso deixar de lado todas as outras, que pelo mundo sofrem, não dedico este dia às crianças ucranianas. Mas, hoje também, estou a pensar nelas. Sinto a mágoa imensa, solidária, que todos os pais sentem. E fico assim. Precisando muito de abraçar a minha filha.