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Falhas de rede e apagões limitam uso da Internet na Venezuela

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A organização não-governamental (ONG) "Espacio Público" (EP) alertou hoje que o uso da Internet na Venezuela está a ser afetado por diversos problemas, como falhas de rede e apagões, o que limita a difusão e o acesso a conteúdos.

"Na Venezuela, a rede está sujeita a importantes limitações, a maioria delas estatais, precisamente por ser um dos poucos espaços de livre difusão de conteúdos e ideias", apontou a ONG.

Por outro lado, a EP precisou que "em 2022, a maioria das violações da liberdade de expressão documentadas foram 'online', 52% (118 casos), o que representa um aumento de 10% em relação a 2021".

"Em 2023, entre janeiro e abril, este número subiu para 56%", sublinhou.

"O estado precário do sistema elétrico e de telecomunicações do país tem afetado a possibilidade de procurar, receber e divulgar informações em tempo real. (...) Nos primeiros quatro meses do ano, esta situação ocorreu em pelo menos 17 ocasiões, afetando habitantes e meios de comunicação social em todas as regiões do país", indicou a ONG, especificando a ocorrência de "interrupções do serviço, quer por falhas do próprio operador, quer por oscilações do serviço de eletricidade".

Segundo a EP, "na última semana, foram registadas pelo menos duas falhas de rede massivas, principalmente na rede da empresa estatal CANTV, que chega a mais utilizadores em vários estados do país".

No dia 08 de maio, o observatório da Internet "VE Sem Filtro" registou uma falha de energia no estado de Barinas, oeste do país, que causou uma interrupção da Internet em vários estados, entre 65% e 85%, durante quase sete horas.

Em 09 de maio, uma outra falha de rede afetou vários estados do oeste do país, principalmente a Mérida e Táchira.

Segundo a EP, foram também registados "bloqueios de portais na Internet", entre eles as páginas 'online' dos meios de comunicação social Crónica Uno, Efecto Cocuyo e EVTV Miami.

A EP denunciou ainda "represálias contra cidadãos por divulgarem informações" na Internet, indicando o caso de sete pessoas que foram "detidas arbitrariamente". A ONG precisou que seis destas pessoas foram acusadas de alegado "incitamento ao ódio".

A "Espacio Público" é uma associação civil sem fins lucrativos, não-governamental, independente e autónoma de partidos políticos, instituições religiosas, organizações internacionais ou governamentais, que promove e defende os Direitos Humanos, especialmente a liberdade de expressão, o direito à informação e a responsabilidade social na imprensa venezuelana.

Uma sondagem recente realizada pelas empresas Tendências Digitais e Datanálisis deu conta que a cobertura de Internet na Venezuela é de 73% (19,89 milhões de utilizadores conectados), dos quais 42% com idades entre os 18 e os 34 anos.

O mesmo estudo indicou que 57% dos venezuelanos usam um dispositivo móvel para ligar-se à Internet.