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Marcelo diz que "matérias muito sensíveis de Estado são tratadas discretamente"

Presidente da República fala sobre o dossier TAP

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O Presidente da República explicou hoje que "matérias muito sensíveis de Estado são tratadas discretamente" e por isso não lhe cabe dizer quando falaria com o primeiro-ministro sobre o caso da exoneração do adjunto do ministro das Infraestruturas.

"Em determinados temas particularmente sensíveis o seu tratamento não é na praça pública, não é sob os holofotes da comunicação social. São tratados, vão sendo tratados até ao momento em que se vê que foram tratados", começou por responder aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa quando questionado sobre se já tinha falado com António Costa sobre a polémica que tem marcado os últimos dias.

Segundo o Presidente da República, quanto à conversa com primeiro-ministro, não lhe cabe "estar a dizer dia tal, horas tais, nestas circunstâncias".

"Aqui, tratando-se de uma matéria sensível, de relevância nacional, o tratamento tinha que ser discreto", respondeu, referindo que "as coisas sucedem, vão sucedendo e depois verifica-se que sucederam".

Questionado sobre se este é um caso com gravidade suficiente para ser tratado de forma mais discreta, Marcelo Rebelo de Sousa foi perentório: "Estes casos normalmente são discretos. Matérias muito sensíveis de Estado são discretas, são tratadas discretamente".

"As pessoas não têm a noção, mas são dossiers que são tratados discretamente. Noutros tempos, quando havia desvalorizações ou revalorizações do escudo, era discreto. O antecedente de decisões como as respeitantes ao estado de emergência ou à renovação, eram discretas. Questões que dizem respeito a dossiers importantes económicos ou políticos ou políticos e económicos, as intervenções são discretas", comparou.

Sobre quando será visível que o tema está tratado, o chefe de Estado respondeu apenas: "quando for, quando for...".

No sábado, na Ovibeja, o Presidente da República escusou-se a comentar todo o caso da exoneração de Frederico Pinheiro, adjunto do ministro das Infraestruturas, João Galamba, alegando que a primeira pessoa com quem iria falar quando tivesse a informação completa sobre o caso seria com o primeiro-ministro.

No mesmo dia, em conferência de imprensa, o ministro das Infraestruturas afirmou que reportou ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e à ministra da Justiça o roubo do computador pelo adjunto exonerado, tendo-lhe sido dito que deveria comunicar ao SIS e à PJ.

Na conferência de imprensa em que João Galamba procurou esclarecer a polémica que surgiu na sexta-feira com o seu adjunto exonerado, Fernando Pinheiro, o ministro foi questionado pelos jornalistas sobre se tinha ligado ao primeiro-ministro a pedir a intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS).

"Eu não estava no ministério quando aconteceu a agressão à minha chefe de gabinete e à minha adjunta. Liguei imediatamente ao senhor primeiro-ministro. O senhor ministro estava, penso que a conduzir, e não atendeu. Liguei ao secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro a quem reportei este facto. Julgo que estava ao lado do secretário de Estado, também junto do primeiro-ministro, da Modernização Administrativa", referiu.

Segundo o ministro, aquilo que lhe foi transmitido neste telefonema foi que "devia falar com a ministra da Justiça", o que garante ter feito.

"Reportei o facto e disseram-me que o meu gabinete devia comunicar estes factos àquelas duas autoridades, coisa que fizemos", explicou, referindo-se ao SIS e à Polícia Judiciária.

Nas palavras de João Galamba, depois de agredir duas pessoas do seu gabinete, Frederico Pinheiro "levou um computador" que era propriedade do Estado.