Alterações Climáticas País

Estudantes que ocupam escolas prometem endurecer protestos na próxima semana

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Foto Lusa

Os estudantes que estão a fazer ações de protesto pelo clima em diversas escolas desde quarta-feira vão envolver mais estabelecimentos de ensino e tornar as ações "mais confrontativas" a partir de terça-feira próxima.

Os jovens exigem o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, reivindicações idênticas a protestos no ano passado, com encerramento de algumas escolas em Lisboa.

Os jovens ativistas pelo ambiente estão desde quarta-feira em estabelecimentos de ensino de Lisboa e do Algarve, ocupando a Faculdade de Letras, a Faculdade de Psicologia e o Instituto Superior Técnico, a Escola Secundária Dona Luísa de Gusmão, em Lisboa, e Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro.

A partir da próxima terça-feira os jovens, numa iniciativa do movimento "Fim ao Fóssil: Ocupa!", ocuparão também o Liceu Camões, a escola António Arroio, a Faculdade de Belas Artes, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, todas em Lisboa, e a Faculdade de Letras de Coimbra e Faculdade de Letras do Porto.

Teresa Núncio, porta-voz do movimento disse à Lusa que também estudantes da Escola Secundária Rainha Dona Leonor fizeram protestos de solidariedade, mas que o diretor da escola ameaçou os jovens de expulsão, e acrescentou que o protesto continuará na próxima semana.

Na Faculdade de Letras os jovens estão a dormir no exterior, por serem impedidos de dormir dentro do estabelecimento, e em protesto vão ficar todo o fim de semana.

Na Escola Secundária Dona Luísa de Gusmão, contou, os jovens desde quarta-feira estão a montar uma tenda na entrada que a polícia remove de seguida. E em Faro os jovens que dormiram na escola foram tirados pela polícia, que segundo a porta-voz os identificou na esquadra e lhes retirou os materiais.

Teresa Núncio disse à Lusa que, depois de um fim de semana sem ações, a partir da próxima terça-feira os protestos chegarão a mais escolas e que irão aumentar o "nível de disrupção", até para que os objetivos e reivindicações cheguem ao público.

"Esperamos ocupações bastante confrontativas", disse, explicando que nestes primeiros dias as escolas têm tido uma "atitude repressiva", perante protestos que se têm baseado em palestras, debates, convívio e assembleias.

Hoje, numa conferência do Instituto de Educação, da Universidade de Lisboa, sobre o tema "O futuro começa hoje", os ativistas montaram uma faixa com a pergunta "Que futuro começa hoje?".

"Por muita repressão que haja fazemos isto cientes de que há um conflito e que ele vale a pena, porque a ameaça das alterações climáticas é muito maior", disse a porta-voz, salientando que os jovens não são violentos e que estão apenas a "criar um pouco de disrupção" para chamar a atenção para a ameaça que é a mudança climática.

Questionada sobre a adesão dos alunos das escolas onde as ações decorrem Teresa Núncio disse que a mensagem é bem recebida mas que acontece os alunos hesitarem quanto a ações disruptivas. E acrescentou: "O objetivo é deixar as pessoas desconfortáveis, porque a realidade climática é desconfortável".

Os ativistas dizem que só param os protestos quando conseguirem 1.500 assinaturas de pessoas que se comprometam a participar numa ação de desobediência civil no terminal de gás natural de Sines, a 13 de maio. Para já conseguiram mais de cem assinaturas mas, disse a responsável, os ativistas do "Fim ao fóssil" estarão presentes em Sines, apoiando o movimento "Parar o gás", com ou sem as 1.500 assinaturas.