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O mito de uma companhia nacional de bandeira

E os mais prejudicados? Seriam os milhares de estudantes madeirenses que frequentam o ensino superior fora da Região não fosse o “Programa Estudante Insular” do Governo Regional.

Ao dia de hoje a TAP é vista, pelo PS, como um material político radioactivo. O que o Governo da República quer, ou prepara-se para fazer - depois de anos e anos a catalogar a TAP como uma companhia pública de bandeira indispensável para a estratégia do país - é vender a Companhia, ao desbarato se for necessário, para se livrar rapidamente de um problema político que tem deixado a nu toda a impreparação e arrogância do PS na governação do país.

O PSD naturalmente que não se opõe à privatização da companhia.

Uma opção baseada no insucesso do fracasso do modelo de uma companhia nacionalizada a todos os níveis. Ora vejamos. A TAP foi nacionalizada com o propósito de defender o interesse nacional. Mas o interesse nacional não se garante com uma nacionalização per si da Companhia. O interesse nacional garante-se com uma coisa chamada de “conectividade aérea”.

E a concetividade aérea tem várias dimensões: tem a dimensão do Turismo, da Continuidade Territorial e Unidade Nacional através das ligações às Regiões Autónomas e a dimensão das ligações à Diáspora.

No que diz respeito à Diáspora, a TAP falha nos voos para a Venezuela e África do Sul, por exemplo, onde temos uma grande comunidade de madeirenses, e também falha para outros pontos onde, apesar de não haver tantos madeirenses, existem muitos portugueses do continente, como Angola.

Quanto às Regiões Autónomas, todos nós conhecemos os preços praticados nas viagens de ligação à Madeira: preços absurdos, socialmente injustos, que impedem uma verdadeira mobilidade dos madeirenses. E os mais prejudicados? Seriam os milhares de estudantes madeirenses que frequentam o ensino superior fora da Região, e as suas famílias, caso não fosse o Governo Regional da Madeira a patrocinar o programa “Estante Insular”.

E, por fim, a dimensão do Turismo.

E para aqueles que acusam o PSD Madeira de uma retórica constante contra Lisboa, até posso dar o exemplo do Algarve. A conectividade aérea no Algarve, segundo dados divulgados no Expresso, depende 2% ou 3% da TAP. Sendo que o Algarve é, porventura, a região do país cuja economia depende mais do turismo. E é curiosamente a região do país que depende menos da TAP. Poderia dar o exemplo do Porto, cidade na qual a conectividade aérea da TAP é também bastante reduzida. A Madeira, como sabemos, no ano de 2022, teve um crescimento exponencial, e bastante positivo, em todas as áreas conexas com o turismo. Mas esse crescimento deveu-se em boa parte às operações da Ryanair para Região e não à companhia nacional de bandeira que deveria servir o país como um todo.

A TAP, se dúvidas houvesse, é uma empresa pública – paga, portanto, por todos os contribuintes portugueses - que serve essencialmente apenas uma área do país: Lisboa. Muito à semelhança do que faz, aliás, o próprio Governo da República do PS.