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Macron defende que a Europa precisa de aliados mas não os pode escolher

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O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse hoje que a Europa precisa de aliados, mas não os pode escolher, num discurso em Haia que foi interrompido por ativistas que exibiam um cartaz classificando-o como "Presidente da violência".

"Queremos ser abertos, precisamos de aliados, queremos bons amigos, queremos parceiros. Mas queremos estar em posição de os poder escolher, de não depender deles", disse Macron, num evento organizado em Haia pelo Nexus Institute, uma instituição dedicada ao estudo do património cultural europeu.

A frase de Macron está a ser interpretada por vários analistas como uma referência à forma como os Estados Unidos estão a confrontar o regime chinês sobre a questão de Taiwan, sobre a qual o Presidente francês prefere demarcar-se.

O chefe de Estado francês não fez qualquer referência específica às inúmeras críticas que tem recebido pela sua alegada mudança de posição sobre Taiwan, transmitida numa entrevista publicada no domingo após a sua visita à China.

Nessa entrevista, Macron defendeu que a União Europeia (UE) deve ter uma posição própria sobre o conflito entre a China e Taiwan, não ficando dependente da posição adotada pelos Estados Unidos, rompendo assim com o alinhamento transatlântico sobre esta questão diplomaticamente delicada.

Mas a visita de Macron aos Países Baixos também está a ser dominada pelas críticas à sua reforma da segurança social em França.

Assim que começou seu discurso, Macron foi interrompido por dois espetadores que gritaram "Onde está a democracia francesa?" e lembraram que "há milhões de manifestantes nas ruas francesas", enquanto exibiam uma faixa onde se lia "Presidente da violência e da hipocrisia".

Macron - que tem sido muito criticado pela forma como alterou a idade da reforma em França, evitando levar a proposta a votação no Parlamento - aproveitou para responder que os franceses estariam "menos zangados" com a sua política se olhassem para a idade de reforma noutro países, "que está bem acima dos 64 anos" agora impostos pela sua presidência.

Milhares de franceses manifestaram-se nas últimas semanas em várias cidades para exigir a retirada da lei que aumenta a idade mínima de reforma de 62 para 64 anos.

Macron está numa visita oficial a Haia, a primeira de um chefe de Estado francês aos Países Baixos em 23 anos.

Emmanuel e a mulher, Briggite Macron, permanecem hoje e na quarta-feira nos Países Baixos a convite do Rei Willem-Alexander, que recebeu o casal com uma cerimónia em Amesterdão.

Paris e Haia têm discordado frequentes vezes no que diz respeito a matérias de foro financeiro da UE, com os Países Baixos a alinharem geralmente com a Alemanha, nomeadamente nas críticas aos excessos de gastos do Governo francês.