Crónicas

Não é só o português que é tramado...

Comunicar na linguagem do amor é um acto revolucionário que opera transformação. Gera empatia e conexão. É bem diferente comunicar numa linguagem que o outro reconhece e compreende, certo?

‘Faz ao outro o que gostarias que te fizessem a ti’. Será?! Ou, isso é impor o nosso próprio mapa, acreditando ser o único possível, verdadeiro, sem querer entender, aceitar e respeitar que o outro tem direito a ter um mapa diferente? Diz-se por aí que ‘o português é tramado’. Então e o amor é o quê?! “Cada pessoa demonstra amor e se sente amada de uma forma única”. Calma! A afirmação de Gary Chapman, psicólogo e autor do livro “As 5 Linguagens do Amor” tem por base as cinco formas distintas de comunicação que identificou, às quais chama linguagens do amor. Gary, diz que todos nós somos uma combinação das cinco e que, há uma mais natural, portanto, a primeira linguagem do amor. Tem sentido.

A intenção não é colocar pessoas e relações em caixinhas. Mas antes, ganhar consciência da nossa própria linguagem do amor e nutrir relações saudáveis. Ao conhecermos a nossa linguagem preferencial, mais facilmente identificamos as nossas próprias necessidades e as dos demais, vivenciado o que gosto de chamar ‘um bom encontro’. Passa a ser mais simples amar em plenitude e presença. E isto é válido em todas as relações. 

Cada um de nós, ao longo da vida, aprendeu a amar e a sentir-se amado desde a sua experiência pessoal. Foi assim que gerámos uma espécie de bússola interior para o que significa sentir amor pelo outro e também para o que significa sentir-se amado. E é por isso que as relações podem, em vários momentos, tornar-se desafiantes, por exemplo, quando as preferências de um não coincidem com as do outro. Por muito que se faça, parece nunca ser suficiente para uma das partes. Portanto, hoje, o meu convite é para investigarmos, com curiosidade, honestidade e sem julgamentos. É que suster o juízo, fazer um parêntese no sentir e no tirar conclusões precipitadas, abre espaço a uma autoinvestigação sincera, que nos pode conduzir para um novo patamar. 

- O que é o amor para nós?

- Como validamos que é ou não amor? 

- De que forma mostramos que amamos a pessoa com quem estamos e de que forma essa pessoa nos demonstra o mesmo. São formas iguais? São diferentes? 

- Que sensações surgem quando recebemos “uma demonstração” de amor que não consta no nosso dicionário? 

- Conseguimos enumerar três comportamos em nós e no outro, que significam demonstração de amor?

5 linguagens do amor

Palavras de Afirmação: Mensagens de amor, carinho, encorajamento e reconhecimento, faladas ou escritas, e que vão do simples “tu significas tanto para mim” a observações do tipo “estou tão feliz por ti”.

Tempo de Qualidade: Dedicação de tempo exclusivo com a pessoa amada. Cultivar a presença através da disponibilidade, do contacto visual e da capacidade de escuta, sem distrações (telemóvel, interrupções de terceiros, etc).

Gestos de Serviço: Quando as ações valem mais do que mil palavras e incluem actos voluntários, como ir às compras, buscar as crianças à escola ou consertar uma avaria. 

Presentes: Símbolos de afeto sob a forma de pequenas lembranças ou presentes que se oferecem tendo por base as preferências de quem se gosta.

Toque Físico: Demonstrações de proximidade afetiva como dar as mãos, abraços, beijos e outros mimos (sexo incluído), de forma pró-ativa e com regularidade.

Não adianta insistir em amar alguém em inglês se a pessoa só entende o amor em português. Um casal que comunique nas suas respectivas linguagens do amor, é, garantidamente, um casal completo, total.