Desporto

Frieza de Carole nos descontos colocou Portugal no Mundial feminino

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Foto EPA/HUGO DELGADO

A seleção portuguesa feminina de futebol sofreu hoje mais do que merecia para selar um inédito apuramento para o Mundial, precisando de um penálti nos descontos para superar os Camarões, por 2-1, em Hamilton, na Nova Zelândia.

A frieza da central Carole Costa, aos 90+4 minutos, colocou Portugal na prova que Austrália e Nova Zelândia organizam em 2023, pouco depois do enorme 'balde de água gelada' que foi o golo de Ajara Nchout, que, aos 89, permitiu às africanas a anular o tento inaugural de Diana Gomes, a outra central lusa, aos 22.

Pelo meio, e também antes do primeiro golo, Portugal criou oportunidades mais do que suficientes para selar uma vitória tranquila, mas falhou na eficácia, mantendo 'vivas' as camaronesas, que, apesar de quase nunca terem criado perigo, não desistiram e acabaram por chegar ao empate.

As comandadas de Francisco Neto não se deixaram, porém, ir abaixo e ainda ganharam sem necessitar de prolongamento, graças ao penálti apontado por Carole Costa, depois de um braço na bola de Estelle Johnson em resposta a um remate de Andreia Jacinto.

Portugal precisou de 13 jogos, mas está pela primeira vez num Mundial, na Oceânia, onde, na fase de grupos, vai estar ao lado, no Grupo E, das duas finalistas da última edição (Estados Unidos e Países Baixos) e ainda do Vietname.

A tarefa será complicada, mas a formação das 'quinas' vai embalada, de momento por oito vitórias consecutivas, após o 0-5 com a Suécia no Euro2022, há mais de sete meses, perante Sérvia (2-1), Turquia (4-0), Bélgica (2-1), Islândia (4-1 após prolongamento), Haiti (5-0), Costa Rica (1-0), Nova Zelândia (5-0) e agora Camarões (2-1).

Em relação ao particular de sexta-feira com a Nova Zelândia, Francisco Neto mudou mais de meia equipa, fazendo entrar Catarina Amado, Carole Costa, Diana Gomes, Tatiana Pinto, Kika Nazareth e Diana Silva para os lugares de Sílvia Rebelo, Ana Seiça, Lúcia Alves, Vanessa Marques, Ana Capeta e Telma Encarnação.

A formação lusa entrou a todo o 'gás' e poderia ter marcado logo de início, num remate de Jéssica Silva, que a guarda-redes camaronesa defendeu com dificuldades para canto, e, logo de seguida, num cabeceamento de Kika Nazareth ao poste esquerdo.

Depois destas duas jogadas nos primeiros três minutos, Portugal 'acalmou', mas, sempre mais ofensivos, foi acumulando cantos, para, aos 22, abrir o marcador num livre: Kika atirou ao poste esquerdo e, na recarga, Diana Gomes marcou.

As camaronesas responderam de imediato e começaram a equilibrar o encontro, mas só conseguiram assustar em dois remates de Nchout, aos 31 e 45+5 minutos, o segundo de livre direto, que Patrícia Morais defendeu.

Pelo meio, Portugal esteve perto do segundo golo, nomeadamente por intermédio de Diana Silva, aos 41 minutos, após um canto, e Carole Costa, aos 45, depois de um livre.

A formação lusa veio para a segunda parte apostada em 'acabar' com o jogo, mas o livre de Kika saiu muito por cima (47 minutos), como o desvio acrobático de Diana Silva (48), e um 'tiro' de muito longe de Andreia Norton embateu com estrondo na barra (52).

Mesmo sem ser constante, Portugal continuou a acumular situações para marcar, nomeadamente por Kika, que voltou a tentar aos 54, 66 e 70, antes de sair, aos 71, juntamente com Norton, para as entradas de Fátima Pinto e Andreia Jacinto, isto já depois da troca forçada de Catarina Amado por Joana Marchão, aos 59.

Do lado dos Camarões, as mudanças foram no sentido de fortalecer o ataque e, aos 84 minutos, num contra-ataque rápido, a suplente Michaela Abam bateu Patrícia Morais, num golo anulado pelo VAR por fora de jogo da futebolista africana.

Portugal 'safou-se' desta, mas, aos 89 minutos, acabou mesmo por sofrer a igualdade: depois de uma perda de bola de Dolores, Ngock colocou a bola em Ajara Nchout, que, já na área, trabalhou bem e rematou junto ao poste esquerdo.

Com nove minutos para disputar, o jogo ficou agora mais aberto e 'perigoso', mas Portugal, que parecia por baixo, acabou por sair por cima, quando Diana Silva viu Andreia Jacinto na área e esta viu o seu remate travado pelo braço de Estelle Johnson.

Aos 90+4 minutos, a responsabilidade foi toda para cima de Carole Costa, que, com grande calma, colocou a bola rasteira junto ao poste esquerdo da baliza de Biya. A vitória lusa já não podia fugir e Portugal selou mesmo um lugar no Mundial2023.